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Agrogalaxy quer vender parte do negócio de sementes

Aqua Capital, controlador da Agrogalaxy, mandatou o Santander para encontrar um sócio para o ativo; medida ajuda a melhorar estrutura de capital

A Agrogalaxy decidiu vender uma parte do seu negócio de sementes, apurou The AgriBiz. O Aqua Capital, gestora de private equity que controla a rede de revendas, mandatou o Santander para buscar um sócio, disseram três fontes.

A companhia não pretende sair do negócio, apurou a reportagem. A Agrogalaxy busca um sócio operador para ajudá-la a alavancar o negócio e ganhar participação de mercado, disse uma das fontes. A transação também pode ajudar a Agrogalaxy, que está em pleno processo de melhora da estrutura de capital, a reduzir o seu endividamento. Procurada, a Agrogalaxy não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O processo ainda está em fase inicial e, como é praxe em negociações do gênero, um desfecho positivo pode não ocorrer. Mas o tamanho da operação da Agrogalaxy em sementes deve despertar o interesse de candidatos à consolidação desse mercado, que é extremamente pulverizado.

É o caso da Boa Safra —que, mesmo sendo líder de mercado, detém menos de 10% de market share— e da SLC Agrícola. Num mercado tão aquecido, não será surpresa se a Agrogalaxy receber propostas pela venda total, disse uma fonte que conhece profundamente a indústria de sementes.

Sementes de soja

Com sua trajetória no segmento construída também por meio de aquisições, a Agrogalaxy já figura entre as cinco maiores sementeiras de soja do País. Na safra 2023/24, produziu cerca de 1,5 milhão de sacas, segundo fontes do mercado.

De acordo com o release de resultados mais recente da companhia, referente ao terceiro trimestre, a Agrogalaxy opera 13 unidades de beneficiamento em sete Estados (São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Tocantins). Do total, três são próprias e dez plantas são terceirizadas (incluindo a produção).

Originando as sementes com mais de cem produtores parceiros, a Agrogalaxy vende esses insumos com duas marcas, a Sementes Campeã e a Boa Nova —ambas adquiridas durante o boom do setor de revendas nos últimos anos.

Para as revendas, há uma vantagem interessante em estar também presente na produção de sementes: a margem de contribuição da venda de sementes é superior a de outros insumos, como defensivos e fertilizantes. Nos nove primeiros meses deste ano, as sementes representaram cerca de 20% da receita da Agrogalaxy com a venda de insumos.

Dinheiro no caixa

A venda de parte do negócio de sementes também é uma alternativa para a Agrogalaxy buscar recursos para reduzir o seu endividamento.

A empresa deve reportar, no quarto trimestre de 2023, uma dívida líquida ultrapassando 3 vezes o Ebitda, quebrando o covenant de alavancagem com o qual havia se comprometido na emissão de uma dívida de R$ 650 milhões em CRAs. A rede de revendas, aliás, está em negociação com credores para pedir um waiver e evitar o vencimento antecipado dos títulos.

No final do ano passado, o Aqua Capital injetou R$ 150 milhões na empresa por meio de um adiantamento para um futuro aumento de capital, mas o recurso parece não ter sido suficiente para cumprir o compromisso com os credores.

No início deste mês, uma série de medidas foram anunciadas para reduzir custos, incluindo o fechamento de 19 lojas e a demissão de cerca de 80 funcionários, especialmente na área corporativa. A Agrogalaxy também anunciou um novo CEO, com o argentino Axel Labourt, então direção de operações, assumindo a cadeira anteriormente ocupada por Welles Pascal.