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Pátria vai consolidar as sementeiras — São Francisco é o primeiro alvo

Enquanto nos Estados Unidos os três maiores players possuem 60% do mercado de sementes, por aqui a líder Boa Safra possui menos de 10%

Enquanto ainda trabalha na captação de seu sétimo fundo de private equity, o Pátria já definiu uma das teses agro do veículo. Conhecida por aquisições seriais, a gestora agora quer consolidar as sementeiras, um mercado que ganhou visibilidade depois do IPO da Boa Safra.

O primeiro alvo já foi definido. A goiana Sementes São Francisco deve ser a primeira aquisição, disseram três fontes ao The Agribiz. Fundada pelo imigrante holandês Paul Henri Aernoudts, a sementeira de Rio Verde engajou o Itaú BBA para conduzir o processo de venda. Procurado, o Pátria não comentou. Aernoudts e Itaú BBA também não responderam.

Executivos que conhecem o mercado de sementes estimam que a São Francisco faça 500 mil sacas por safra, o que daria um faturamento entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões. Em seu site, a empresa informa que tem capacidade de armazenamento para 800 mil sacas. Quem olhou o ativo mais de perto diz que a firma goiana mira chegar a 1 milhão de sacas de sementes. “Eles já devem estar vendendo mais que 500 mil sacas”, disse outra fonte.

No Brasil, o negócio de multiplicação de sementes ainda é muito fragmentado. Enquanto nos Estados Unidos a líder Corteva detém uma participação de 35% e os três maiores, 60%, por aqui a líder Boa Safra possui menos de 10%. Não à toa, um dos motes do IPO da companhia dos irmãos Colpo, há pouco mais de dois anos, foi a consolidação desse mercado.

Semente de soja
Negócio de multiplicação de sementes é muito fragmentado no Brasil. Nos EUA, os três maiores têm 60% de share | Crédito: Shutterstock

A considerar a estratégia usual do Pátria, a São Francisco será apenas o pontapé inicial para ganhar participação em sementes. No agro, o grande chamariz do Pátria é a Lavoro, que se transformou na maior rede de revendas agrícolas da América Latina depois de mais de 20 aquisições.

O sétimo fundo

Numa recente entrevista ao The Agribiz, Daniel Fisberg e Marcos Haaland — managing director e operating partner, respectivamente — disseram que o agro também estaria contemplado no sétimo fundo. Na ocasião, a dupla não abriu as teses do novo veículo.

Ao todo, o sétimo fundo de private equity do Pátria busca levantar US$ 3,5 bilhões. A captação do veículo começou no ano passado e, até o segundo trimestre, a gestora já havia assegurado US$ 1,15 bilhão com investidores. Desse total, US$ 79 milhões foram alocados.

No prospecto de captação do fundo, o Pátria projeta que o agro fique com algo entre 20% a 30% dos recursos alocados. A previsão do fundo é investir em até dez teses, direcionando de US$ 350 milhões a R$ 500 milhões a cada uma. Além de agro, os outros setores alvos do fundo são saúde, alimentos e bebidas e logística e serviços.

Desde o primeiro fundo de private equity, captado em 1997, a taxa interna de retorno do Pátria está em 16%, em reais. Quando consolida apenas os investimentos que fez no agro — cases como Lavoro e Agrichem, entre outros —, o retorno passa de 35% ao ano. O primeiro investimento da área de private equity do Pátria no agro foi em 2011.