Bilhões e hectares

Um dia no luxuoso terminal aéreo dos irmãos Maggi Scheffer

Com a estrutura do aeroporto do Grupo Bom Futuro, não há desculpas para os investidores fugirem de Mato Grosso, disse Eraí Maggi

CUIABÁ — A pista de pouso construída pelos irmãos Maggi Scheffer na capital mato-grossense nasceu sem grandes pretensões. De terra, bastava para as necessidades da Bom Futuro, quando a gigante agrícola só queria uma área bem localizada para dar conta das imensas distâncias entre as diferentes fazendas do grupo: são 1 mil quilômetros de Sapezal às propriedades na região do Araguaia.

Há pouco mais de uma década, a pista de pouso atendia exclusivamente às aeronaves da Bom Futuro, incluindo o King Air — aeronave conhecida pela robustez, muito popular entre produtores rurais — e o icônico Minuano, uma aeronave a pistão que marcou a estreia da família Maggi Scheffer no mundo da aviação, em 1994.

Quando a pista privada de Cuiabá foi inaugurada, poucos talvez pudessem vislumbrar o que o futuro reservava. Asfaltada e agora com um terminal luxuoso, recém-inaugurado para atrair empresários e banqueiros interessados no agronegócio, o aeroporto da Bom Futuro se estabelece como um hub para a aviação executiva do Centro-Oeste.

As aeronaves capazes de pousar nas pistas de terra das fazendas do Cerrado brasileiro continuam partindo e pousando aqui todos os dias, mas elas estão longes de serem as únicas a pousarem na capital de Mato Grosso.

Do luxuoso Bombardier Global 7500 do BTG Pactual ao modelo Embraer 195-E usado por companhias áreas como a Azul, a pista comporta. Mas, mais do que isso, o aeroporto quer ser um ponto de conexão entre o Brasil que cultiva e o Brasil que dá crédito.

Com uma estrutura confortável, reunindo salas de reuniões e amenidades como academia e sala de descanso, o novo terminal vai acabar com as desculpas dos bancos que fogem do produtor quando a logística é mais difícil.

Em apenas uma manhã, é possível vir de São Paulo, fazer a reunião e voltar para almoçar na Faria Lima, argumentou Eraí Maggi Scheffer, durante a cerimônia de inauguração do terminal, ontem à noite.

“Esses bancos particulares vêm aqui e financiam. Mas, na hora que dá uma ‘sequinha’ e o preço fica ruim, voam que nem urubu, vão embora e largam os colonos na mão. Então, é importante um empreendimento desses para facilitar esses encontros e aqui mesmo fazer as reuniões”, disse Eraí.

As mensagens do empresário foram ouvidas por uma plateia recheada de bilhões e hectares. Facilmente, a inauguração do terminal agregou mais de 1,5 milhão de hectares em área plantada, representados por produtores como Itamar Locks (Amaggi), Guilherme Scheffer (Grupo Scheffer), José Ricardo Rezek Filho e Oscar Cervi.

A cerimônia atraiu também Carlos Augustin, secretário do Ministério da Agricultura e dono da sementeira Petrovina; o ministro Carlos Fávaro e o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, além do deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS).

A Faria Lima também deu o ar da graça, com gestores de investimento como Emílio Almeida (ITN Capital), e banqueiros como Adriano Borges, do BTG Pactual. A incorporação imobiliária de Mato Grosso também marcou presença, representada por nomes como irmãos Vinicius e Victor Saragiotto.