Ao concluir uma das maiores transformações estratégicas da sua história, a gigante brasileira Marfrig se consolida como um conglomerado de alimentos e proteína animal de alto valor agregado — uma história de empreendedorismo que começou em 1986, quando o casal Marcos Molina e Márcia dos Santos criou uma empresa de distribuição de cortes nobres e importados.
Com um crescimento impressionante por todas as Américas, a Marfrig inscreveu seu nome no tabuleiro mundial dos alimentos, liderando a produção de um dos produtos mais icônicos da era contemporânea: o hambúrguer.
No Brasil, a trajetória da Marfrig mostra como o tino empreendedor pode fazer do País um celeiro de oportunidades. Quem diria que, depois de começar como uma distribuidora de carnes para restaurantes em Santo André — no ABC Paulista —, a Marfrig se tornaria a sétima maior companhia brasileira em receita.
No ano passado, a receita da Marfrig passou de R$ 132 bilhões, entregando margens sequencialmente melhores do que os pares da indústria, um trunfo possível graças à capacidade de comprar gado de qualidade e comercializar uma carne com melhores atributos nos Estados Unidos, com a National Beef, mesmo nos momentos de escassez de oferta na pecuária americana.
A estratégia também permitiu resgatar o brilho da BRF, companhia dona de algumas das marcas mais queridas do Brasil: Sadia, Perdigão e Qualy. Sob o controle da Marfrig desde 2022, a BRF vem colhendo os resultados de uma ampla reestruturação, que permitiu economias bilionárias ao reduzir perdas nas fábricas e na logística, além de ganhos de produtividade de igual magnitude em toda a cadeia.
Não à toa, a Marfrig já sinalizou que muito provavelmente a BRF voltará a distribuir dividendos aos acionistas, algo que não acontecia há oito anos. O mercado recebeu bem os resultados. Em doze meses, as ações da BRF sobem mais de 150%, e as da Marfrig quase duplicaram de valor.
A excepcional virada da BRF, aliás, demonstra que a diversificação foi fundamental para preservar os resultados da Marfrig como um todo. Enquanto a indústria de carne bovina dos Estados Unidos, onde está a National Beef, passa por um momento cíclico de aperto de margens, no Brasil a geração de caixa das operações de carne de frango impressiona.
“A estratégia de construção de um negócio com portfólio diverso e complementar, à prova de ciclos, e nossa disciplina operacional e financeira vêm se provando cada vez mais bem-sucedidas. Juntas, Marfrig e BRF são mais fortes”, disse Marcos Molina, presidente do conselho de administração e controlador das duas companhias.
Atualmente, a BRF responde por 43% do faturamento da Marfrig, dando uma contribuição significativa para a geração de caixa e a redução dos indicadores de endividamento da companhia. A National Beef, por sua vez, responde por 47%. Já o negócio de carne bovina na América do Sul faz 10% da receita, concentrando a produção em complexos industriais de valor agregado após a venda de 17 unidades de abate que possuem margens inferiores.
Juntas, as companhias também se fortaleceram para implementar a agenda de sustentabilidade, uma missão na qual a Marfrig já havia sido uma das pioneiras entre os frigoríficos brasileiros.
Com programas que incluem garantia e rastreabilidade dos grãos usados na ração de aves e suínos e investimentos massivos para regularizar a situação ambiental e reintegrar pequenos pecuaristas , a Marfrig está comprometida com a meta de tornar a cadeia livre de desmatamento — seja ela no fornecedor direto ou indireto — até 2025.