Exportações

Um estranho no ninho? 3tentos está entre os cinco maiores em farelo

Até maio, 3tentos exportou 452 mil toneladas de farelo de soja, atrás apenas das centenárias tradings que formam o grupo ABCD

3tentos avança em exportações. Embarque de farelo de soja , grãos em Paranaguá | Crédito: Schutterstock

Uma empresa jovem e 100% brasileira está, discretamente, aproximando-se das gigantescas tradings internacionais nas exportações de farelo de soja. A 3tentos, que montou o seu time de trading e originação há apenas três anos, já ocupa a quinta posição entre os principais exportadores de farelo do País.

Até maio de 2025, a companhia da família Dumoncel embarcou 452 mil toneladas de farelo de soja. No ranking dos maiores exportadores de farelo, a 3tentos está atrás apenas do grupo ABCD — sigla para o grupo formado pelas tradings centenárias ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus. A 3tentos aparece, inclusive, à frente da gigante chinesa Cofco no caso do farelo, segundo dados de line-up compilados pela agência marítima Cargonave até maio.

É verdade que a diferença para as líderes Bunge e Cargill é grande — a primeira exportou 1,4 milhão de toneladas de farelo até maio e a segunda, 1,3 milhão. Mas a presença de um estranho no ninho das tradicionais tradings chama a atenção, especialmente considerando a recente história da 3tentos. A primeira planta de processamento de soja da empresa foi inaugurada há apenas 12 anos.

“Somos um dos principais exportadores de farelo e, até março, estávamos entre os 10 maiores exportadores de todos os produtos agrícolas”, disse Thiago Milani, diretor de commodities da 3tentos, ao The AgriBiz. Com passagens anteriores pela Bunge e Gavilon, Milani chegou à 3tentos em dezembro de 2022 para montar a área de trading e originação.

Naquele momento, a gaúcha 3tentos começava a expandir as suas operações para o Mato Grosso, onde construía uma planta de processamento de soja no município de Vera.

Hoje, aproximadamente 80% do volume de farelo de soja produzido pela 3tentos vai para exportação, com destino principalmente a países do sudeste asiático, Europa e norte da África.

Recentemente, a companhia passou a testar o Arco Norte para as exportações, usando o terminal de Miritituba e saída pelo porto de Santarém — um caminho que deve ser cada vez mais acessado. Os ativos previstos na joint venture que a empresa formou com a Caramuru para investir R$ 400 milhões na logística do Arco Norte, como armazéns e terminais de transbordo, devem começar a operar em 2026.

Alimentando o ecossistema

Mais do que viabilizar as exportações, a área de trading e originação tornou-se uma peça fundamental no modelo de negócios da 3tentos, que combina as atividades de varejo de insumos agrícolas, processamento de soja e venda de commodities agrícolas.

“A partir da construção da planta de Vera (MT), a empresa entendeu que precisava de uma estrutura para suportar todo esse crescimento”, conta Milani.

Além de assegurar matéria-prima para o esmagamento de soja — hoje a fábrica de Vera processa 3 mil toneladas por dia —, a área de originação também visa dar liquidez aos agricultores parceiros e garantir dinamismo ao negócio de venda de insumos.

Por meio das operações de barter, a empresa ajuda o produtor na gestão de risco do negócio. Nesta sexta-feira, aliás, a empresa está realizando o pagamento de R$ 22 milhões a mais de 400 agricultores que aderiram ao programa 3tentos +.

Os recursos referem-se à diferença entre o preço da oleaginosa no momento do fechamento do barter e a cotação quando eles decidem travar a operação, o que pode ser feito ao longo da safra. Com esse tipo de ferramenta, a 3tentos procura melhorar o atendimento ao agricultor e fidelizá-lo.

“O barter é o grande guardião da precificação”, diz Milani.