Revendas

Sem estoques na safrinha, Agrogalaxy vê receita tombar quase 80%

Com plano de RJ aprovado, companhia começa a formar as bases para retomar relacionamento com fornecedores

As dificuldades na relação com os fornecedores de insumos ainda castigaram o resultado da Agrogalaxy no primeiro trimestre, mostrando que a safrinha ficou aquém do que a companhia imaginava que poderia atingir.

Após o pedido de RJ, a rede de revendas renegociou e cancelou diferentes pedidos para a safra 2025/26 e principalmente de safrinha — esta seria 30% maior em faturamento, segundo o CEO da Agrogalaxy, Eron Martins.

“Estávamos preparados para fazer safrinha muito boa, apesar dos riscos climáticos. Cancelamos os pedidos e o reflexo aparece no faturamento deste primeiro trimestre. Além desse impacto, diminuímos muito as vendas de sementes, que têm alto valor agregado”, explicou Martins.

Num balanço divulgado há pouco, os efeitos desse cenário vieram na primeira linha. A receita líquida nos primeiros três meses de 2025 foi de R$ 341,2 milhões, ante R$ 1,6 bilhão no mesmo período do ano anterior. A companhia teve uma redução de R$ 548 milhões na receita de insumos e de R$ 706,5 milhões na receita de grãos.

Menor, a rede de revendas focou em melhoria de margem bruta, saindo de 15,6% em 2024 para 16,8% em 2025.  O Ebitda ainda ficou em terreno negativo, mas numa situação melhor do que a do ano passado, saindo de negativo em R$ 70 milhões para (ainda) negativo em R$ 58 milhões.

“Imagine o que teria sido dessa companhia se tivesse participado de metade da safrinha. Sem dar guidance, a gente pode dizer que seria uma empresa sem ebitda negativo”, frisou Martins. 

A melhora de margem, segundo a Agrogalaxy, está ligada ao mix de produtos e ao foco nos clientes de melhor rating para evitar dificuldades de recebimento. “Preferimos dar um ritmo de maratona, indo devagar, fazendo coisas sólidas com clientes sólidos. Margens melhores, despesas menores”, explicou o CEO.

No trimestre, a companhia reduziu em R$ 100 milhões as despesas em relação ao ano anterior – a cifra considera a redução do número de lojas e de pessoal.

Em relação aos produtos, a rede de revendas deve tirar cada vez mais o pé dos fertilizantes, priorizando produtos de maior valor agregado. Alguma parte disso já pôde ser vista no trimestre: as vendas de especialidades se mantiveram em dois dígitos (ainda que tenham reduzido) e as vendas de defensivos passaram de 39% para 60% do total.

O ponto fraco foram as sementes. Essa classe, de altíssimo valor agregado, que chegou a representar 22% da receita no primeiro trimestre do ano passado, representou apenas 8,8% nos primeiros três meses deste ano. Os planos, segundo Martins, são de uma retomada nesses patamares no primeiro trimestre de 2026.

“A gente está sentando com fornecedores de fertilizante, de semente e de defensivo, para poder fazer as entregas daqui para frente. Compromisso nosso é encarteirar o que somos capazes de entregar”, destacou Martins.