Private equity

Por que o Pátria comprou a TMF Fertilizantes

Firma de private equity quer consolidar a indústria de fertilizantes especiais de solo como uma das teses de seu sétimo fundo

O Pátria está avançando na tese de consolidação da indústria de fertilizantes especiais de solo, mirando um negócio que cresce mais rápido e faz margens mais atraentes que os macronutrientes tradicionais (mercado já maduro e dominado pelas gigantes multinacionais).

Por meio de seu sétimo fundo de private equity, a gestora chegou recentemente a um acordo para comprar o controle da TMF Fertilizantes, uma empresa mineira sediada no município de Pains. Procurado, o Pátria não comentou.

A companhia fará parte da Next Gen, holding que vai reunir os ativos da tese de fertilizantes especiais de solo. A conclusão da aquisição ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e das condições precedentes usuais em M&As.

Para liderar a tese, o Pátria escalou Marcos Stelze, um nome experiente no setor. Antes da Next Gen, o executivo foi presidente da Galvani Fertilizantes e trabalhou por mais de 15 anos na mineradora Anglo American.

Roberto Risolia, engenheiro agrônomo que foi diretor comercial da Stoller por sete anos e passou mais de uma década na antiga Dow AgroSciences (que hoje é parte da Corteva), chegou ao Pátria em abril, assumindo como principal executivo de marketing da Next Gen.

Segunda aquisição

A TMF Fertilizantes será o segundo ativo da Next Gen. A primeira aquisição dessa tese do Pátria foi concluída no início deste ano, com a compra da Microgeo, uma companhia de Limeira, no interior Paulista, que desenvolveu um fertilizante especial que ajuda na regeneração do solo.

“São produtos que tem como missão substituir, complementar ou melhorar a performance do NPK tradicional”, disse uma fonte que conhece os planos do Pátria.

Solo
Next Gen, holding que vai reunir aquisições do Pátria em fertilizantes especiais, deve competir com Vittia e Nitro | Crédito: Shutterstock

Os fertilizantes especiais de solo também têm outros dois apelos, particularmente no Brasil. Os produtos são produzidos totalmente aqui, uma vantagem num país que depende largamente das importações dos fertilizantes tradicionais.

Além disso, muitos dos fertilizantes especiais têm base orgânica, ajudando a atenuar o uso de químicos, uma vantagem em termos de sustentabilidade. Num momento que as práticas de agricultura regenerativa ganham corpo, o Pátria quer se expor a esse crescimento.

Em algumas linhas, a Next Gen vai competir com players como as brasileiras Vittia e Nitro e o grupo israelense ICL, que é dono da Produquímica.

Vantagens competitivas

No mercado nacional de insumos agrícolas, o Pátria reuniu um conhecimento amplo da cadeia produtiva ao longo dos nos últimos anos. Em agro, o primeiro investimento da área de private equity da gestora foi a Agrichem, companhia de fertilizantes foliares posteriormente vendida à canadense Nutrien.

Atualmente, o ativo mais relevante da gestora de private equity é a Lavoro, gigante de distribuição listada na Nasdaq que também produz fertilizantes foliares, por meio da Union Agro.

Os produtos da Next Gen, focada na nutrição de solo, não competem com a área de fertilizantes da Lavoro. Microgeo e TMF, aliás, são clientes da Lavoro.

Como um todo, o mercado brasileiro de fertilizantes especiais movimenta mais de R$ 20 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo). O mercado cresce mais de 30% ao ano.