Frigoríficos

Pilgrim’s brilhou outra vez, mas bonança do frango pode estar chegando ao fim

Companhia controlada pela JBS reportou lucro 16% maior no segundo trimestre e, com caixa cheio, fará distribuição especial de dividendos.

Frango empanado

A americana Pilgrim’s Pride, indústria de carne de frango controlada pela JBS, voltou a brilhar no segundo trimestre, repetindo a margem Ebitda recorde de 14,4%.

No trimestre, a receita líquida da Pilgrim’s chegou US$ 4,75 bilhões (um aumento de 4,3%). O Ebitda foi de US$ 687 milhões, maior que as projeções de mercado, que oscilavam entre US$ 630 milhões e US$ 640 milhões.

Entre analistas, os bons resultados ajudaram na revisão para cima das estimativas para os resultados da JBS como um todo — a companhia brasileira detém 80% do capital da Pilgrim’s.

Os analistas da XP Investimentos, por exemplo, aumentaram a estimativa para o Ebitda da JBS no segundo trimestre em 2%. Itaú BBA e Goldman Sachs também fizeram revisões, elevando as projeções para o Ebitda da companhia em 1% e 4%, respectivamente.

No médio prazo, no entanto, a bonança do frango pode estar chegando ao fim, ponderaram os analistas. Depois de dois anos de um ciclo extraordinário, com margens acima da média, os sinais de expansão da oferta de frango nos Estados Unidos começam a aparecer, o que tende a reduzir as margens.

“Vemos preocupações com o aumento na oferta e queda nos preços”, escreveu Leonardo Alencar, analista da XP, em um relatório em que fez conjecturas sobre a reação dos investidores ao balanço da Pilgrim’s.

Em um comentário intitulado “Última dança?”, o BTG Pactual também reforçou a ideia de uma possível reversão do ciclo do frango no mercado americano. “Acreditamos que os ganhos possam estar chegando ao pico. Os spreads do frango nos EUA estão caindo, sugerindo que as margens da Pilgrim’s talvez tenham alcançado seu limite”, escreveu Thiago Duarte.

Gustavo Troyano, do Itaú BBA, frisou que a manutenção ou não da demanda por frango nos EUA é “a mais recorrente discussão que temos com investidores sobre os resultados da JBS”. Ele também lembrou que os dados mais recentes sugerem um declínio nos spreads em julho, “o que pode indicar uma normalização nas margens da Pilgrim’s Pride”.

Já o Goldman Sachs trouxe uma leitura mais otimista. “Reconhecemos que os observadores da JBS possam questionar a qualidade dos resultados da Pilgrim’s Pride, mas ainda esperamos uma reação positiva.”

Na Nasdaq, as ações oscilaram entre essas visões. Os papéis da Pilgrim’s chegaram a subir 3%, mas fecharam o pregão em queda de 0,65%. Em doze meses, as ações da companhia acumulam uma valorização de quase 15%. A empresa está avaliada em US$ 11,2 bilhões.

Na bolsa de Nova York, as ações da JBS foram na direção contrária, subindo quase 3%.