Fusão

Para Minerva, presença da Salic na MBRF ameaça a concorrência

Minerva entrou com recurso no Cade contra a fusão BRF-Marfrig, alegando que presença da Salic no capital de duas rivais pode facilitar comportamentos anticompetitivos

Depois de ser incluída como terceira interessada no processo do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que analisa a fusão entre BRF e Marfrig, a Minerva entrou com um recurso contra a aprovação da operação, realizada em rito sumário.

A Minerva solicita a reavaliação do processo, sob o argumento de que a transação prejudica a concorrência no mercado de alimentos processados, gerando concentração excessiva em itens como hambúrgueres, almôndegas e quibes — produtos nos quais a Minerva possui uma produção marginal.

A companhia dos Vilela de Queiroz também destaca o aumento do poder de compra das empresas combinadas e pedem uma avaliação específica sobre possíveis impactos no mercado de food service.

O que mais chama a atenção no parecer encaminhado ao Cade, no entanto, é a avaliação do papel da Salic, segundo principal acionista da Minerva, no capital da MBRF, nome dado à empresa resultante da fusão. Para a Minerva, a presença da Salic no capital de duas rivais pode facilitar comportamentos anticompetitivos.

A Salic detém cerca de 11% do capital social da BRF e, caso a fusão seja aprovada, terá 10,6% do capital da MBRF. Na Minerva, a participação da Salic é de 24,5%, o que lhe garante a posição de segundo maior acionista.

Embora o controle da Minerva seja exercido pela holding da família Vilela de Queiroz — que possui 29% da companhia —, a Salic integra o bloco de controle, participando ativamente de decisões estratégicas. Três dos dez membros do conselho de administração da Minerva são indicados pela Salic, que também aponta membros para comitês internos, tendo acesso a informações sensíveis da companhia.

“Essa estrutura apresenta riscos significativos ao ambiente concorrencial, recomendando-se a instrução aprofundada do caso e, se for o caso, a imposição de remédios adequados”, diz o parecer da LCA Consultores.

Os acionistas da BRF devem votar, no dia 14 de julho, a fusão com a Marfrig — operação que deve criar uma das maiores corporações brasileiras, com faturamento anual superior a R$ 150 bilhões.

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