
Os pioneiros da indústria de Fiagro de terras acabam de criar uma nova gestora de investimentos dedicada ao agronegócio.
Bernardo Reis e Marconi Silva, uma dupla de mineiros que trabalha junta há duas décadas — desde os tempos de Prodap, companhia de nutrição animal vendida à holandesa DSM —, fundaram a Tane Capital.
Sediada em Nova Lima, um polo do mercado financeiro encravado na Grande Belo Horizonte, a nova gestora nasceu com um nome ligado ao campo, enfatizando a vocação de Reis e Silva.
Tane, em japonês, significa semente. “Queremos ser a casa de investimentos do agronegócio”, disse Reis ao The AgriBiz.
O projeto é ambicioso. A gestora almeja chegar a R$ 10 bilhões em ativos sob administração em cinco a sete anos, um montante substancial para uma casa que só vai investir no agro.
Para crescer, os sócios da Tane Capital se valem do histórico que construíram nos últimos anos na 051 Capital, gestora comandada por Luciano Brochmann.
Na antiga casa, estruturaram o primeiro Fiagro de terras do País — o FZDA11, fundo que é dono de uma fazenda em Balsas (MA) que está arrendada para a SLC.
Ao todo, os fundadores da Tane levantaram R$ 1,6 bilhão para quatro Fiagros de terra da 051, com um trabalho que incluiu a originação das fazendas foram adquiridas (são 45 mil hectares totais) e a articulação com as famílias que deram capital para os investimentos em terras.
Não à toa, a parceira com a gestora de Brochmann continua. A 051 Capital é sócia de Reis e Silva na Tane Capital.
As teses da Tane
Incialmente, a nova gestora vai replicar a estratégia que funcionou na 051 Capital, levantando fundos para comprar fazendas específicas. Nesse tese, o retorno principal está no longo prazo, quando as terras forem vendidas.
A meta de Tane é entregar um retorno de 20% ao ano aos investidores. Tipicamente, esses fundos são estruturados para venderem a propriedade em um período de dez anos, mas a gestora não têm a obrigação de fazê-lo.
“Precisamos respeitar o ciclo das commodities. Não vamos vender a fazenda num momento de baixa”, afirmou Reis, explicando o perfil paciente necessário para os investidores que investem nesse tipo de ativo.
Neste momento, o mercado está mais propício a compra de terras do que a venda, exemplificou o gestor.
Além da tese de valorização das terras, a Tane pretende se aventurar em estratégias diferentes. A gestora vislumbra fazer transações da Sale & Leaseback, comprando fazendas que serão posteriormente arrendadas ao mesmo produtor.
Num segundo momento, a gestora quer entrar no mercado de crédito, o que ainda vai demandar a construção de uma equipe de especialistas. Um fundo de ações para investir em papéis de companhia do agronegócio também faz parte dos planos de longo prazo.