Arrendamento

O retorno de 20% da família Dreyfus nas terras operadas pela Sierentz

“Os nossos investidores tiveram um retorno fenomenal”, disse Christophe Akli, CEO da Sierentz, em entrevista ao The AgriBiz

Colheita de soja em Mato Grosso; SLC vai aumentar área

A venda das operações agrícolas da Sierentz à SLC coroa um investimento que trouxe altíssima rentabilidade aos investidores da família Dreyfus — descendentes de Léopold Louis-Dreyfus, que fundou a trading LDC.

Fundada em 2017 a partir de um investimento da ordem de US$ 40 milhões, a Sierentz se transformou em uma das maiores operadoras agrícolas do Matopiba — a fronteira agrícola entre os Estados do Maranhão, Tocantins e Bahia, arrendando 96 mil hectares dedicados ao cultivo de grãos e à criação de gado.

“Os nossos investidores tiveram um retorno fenomenal”, disse Christophe Akli, CEO da Sierentz, em entrevista ao The AgriBiz. Pelos cálculos do executivo franco-argelino, o ramo da família Dreyfus está saindo das operações agrícolas no Brasil com um retorno de mais de 20% ao ano, em dólar.

O retorno substancial é explicado pelo modelo de arrendamento, bem menos intensivo em capital em comparação à aquisição de terras. Não à toa, a SLC cresceu fortemente nos últimos anos por meio de arrendamentos e se interessou pela área operada pela Sierentz.

Para os franceses, o arrendamento era também a única opção possível para cultivar grãos em solo brasileiro. O grupo jamais conseguiria montar uma operação de 96 mil hectares no Brasil por causa das restrições da legislação ao controle de terras por estrangeiros.

Alta produtividade

À frente das áreas arrendadas, a Sierentz mostrou eficiência agronômica, melhorando a qualidade do solo com o tempo. “Nunca perdemos dinheiro. Em nenhum ano”, afirmou Akli, destacando a produtividade obtida até mesmo nos momentos mais difíceis — como a safra 2023/24.

Nesta temporada (2024/25), a Sierentz caminha para obter uma boa produtividade na colheita de soja. Com o conhecimento dos grãos que já foram tirados do campo, Akli estima que a produtividade da atual safra ficará próxima de 65 sacas por hectare.

Para se ter referência, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) calcula que a produtividade da safra brasileira de soja será de 58,3 sacas por hectares. A SLC, que cultivou cerca de 380 mil hectares e é uma referência em produtividade na agricultura brasileira, previa uma produtividade de 66,3 sacas por hectare.

Na Sierentz, o cultivo de soja se soma à safrinha de milho e a um rebanho de 12 mil cabeças de gado. Por ano, a companhia fatura cerca de US$ 150 milhões (o equivalente a R$ 855 milhões, na cotação atual do dólar).

Na operação anunciada hoje, a Sierentz foi assessorada pelo Rabobank.

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As terras operadas pela Sierentz pertencem a famílias de alto patrimônio. Sem gestão das fazendas, esses proprietários preferem um operador agrícola especializado cuidando das fazendas.

Ao arrendar, eles preservam uma renda fixa (em torno de 9 sacas por hectare) e ainda seguem expostos à valorização das terras.

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Além do Brasil, Sierentz chegou a operar na Rússia. Depois da invasão da Ucrânia, as duas operações foram encerradas. Na Ucrânia, o grupo chegou a ser a terceira maior trading de trigo.