Klabin

Cerca de 20 mil hectares de terras no Paraná e no sul de São Paulo estão na mira da Klabin para serem monetizadas (por meio de venda ou joint-venture com investidores financeiros) entre 2026 e 2027.

A maior parte vem de um “pacote” de 60 mil hectares relacionado ao Projeto Caetê, a iniciativa da Klabin de comprar 150 mil hectares que pertenciam à Arauco, realizada em 2023.

Esses 60 mil hectares produtivos excederiam a meta de autossuficiência de 75% de madeira própria da Klabin. Em setembro, a empresa sinalizou aos investidores que poderia levantar de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões com essas terras.

Além das terras excedentes do Projeto Caetê, estão também incluídos nos 20 mil hectares terras mais distantes dos principais polos produtivos da companhia de papel e celulose, que a Klabin já possuía.

“Depois de usar essa madeira, nós passamos a fazer estudos para ver quais culturas podem ir bem nessas áreas e precificá-las de acordo. É um processo que traz muita criação de valor”, explicou Teixeira, a jornalistas.

Parte dessas terras já foi colocada em uma operação de R$ 1,8 bilhão realizada com um veículo de investimentos ligado ao setor de florestas (uma TIMO, no jargão), em outubro do ano passado. Na operação, a Klabin se tornou sócia desse fundo e as terras foram colocadas em quatro SPEs diferentes.

No terceiro trimestre deste ano, a Klabin apontou, ainda, a venda de 730 hectares de áreas úteis ligadas a esse excedente do projeto, levantando R$ 95 milhões.

O dinheiro levantado com as vendas dessas áreas deve ser usado, ao longo do tempo, para comprar novas terras que sejam mais perto das fábricas da Klabin.

Antes da venda desse excedente, a Klabin afirma ter um raio médio de 121 quilômetros das terras próprias às fábricas. Após a venda desse total, a distância média deve cair para 108 quilômetros.

“A gente sabe vender terra e bem. Isso é um grande ativo da companhia. Conseguimos fazer vendas por preços até 40% maiores do que o de compra”, ressaltou Teixeira, durante a apresentação a investidores na terça-feira.

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Além das operações com hectares ligados ao Projeto Caetê, a Klabin ainda deu um gás neste ano em parcerias com fundos de investimento para outras terras que fazem parte do portfólio da companhia.

No mês passado, a Klabin criou com o Safra um fundo imobiliário de terras em que foram colocados 15 mil hectares, em uma típica operação de sale and leaseback.

Essa estratégia de parcerias ligadas à área florestal existe dentro da empresa desde 2018, com a Klabin arrendando as terras vendidas para players como fundos de investimento

Neste ano, esse tipo de estrutura injetou R$ 4,5 bilhões no caixa da companhia, contribuindo para a desalavancagem da Klabin.

Nesse montante estão incluídas, por exemplo, transações ligadas ao Projeto Plateau — uma iniciativa criada no ano passado pela Klabin justamente com foco em monetizar terras por meio de parcerias com TIMOs.