
A cadeia de esmagamento de oleaginosas — que serve de base para a indústria do biodiesel — cresceu quase 6% este ano. E projeta acelerar ainda mais nos próximos 12 meses, com quase R$ 6 bilhões em investimentos.
Essas são as principais conclusões da edição 2025 da Pesquisa de Capacidade Instalada das Indústrias de Óleos Vegetais, conduzida pela Abiove, a associação que representa o setor.
Divulgado nesta segunda-feira, o levantamento mostra que a capacidade de processamento de oleaginosas — principalmente soja — no Brasil subiu 5,7% em 2025 na comparação com 2024, saltando de 72,3 milhões de toneladas por ano para 76,4 milhões.
Isso situa o Brasil na terceira posição global, atrás da China, com capacidade de cerca de 140 milhões, e dos Estados Unidos, com cerca de 89 milhões — ambos os dados são do USDA, o Departamento de Agricultura dos EUA.
Não foi o único indicador em alta: o número de empresas de processamento cresceu 11,9% na comparação anual, de 67 para 75, e a quantidade de plantas ativas aumentou 12,4%, de 113 para 127.
Biodiesel embala crescimento
De acordo com Daniel Furlan Amaral, diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da Abiove, a principal razão para essa pujança foi o mandato do B15, que elevou a mistura obrigatória do biodiesel no diesel de 14% para 15% a partir de agosto.
“O biodiesel tem respondido por boa parte da demanda por óleo, que representa uma fatia importante nas receitas do esmagamento. Tem também o farelo, cuja exportação está sendo trabalhada cada vez mais, e o mercado interno segue crescendo. Mas, sem dúvida, o biodiesel tem um destaque especial”, disse Amaral.
Segundo a Abiove, caso o cronograma de novos mandatos previsto na Lei do Combustível do Futuro (14.993/2024) se cumpra, o Brasil verá novos crescimentos anuais na mesma ordem.
Em um estudo recente, a entidade projetou que se o mandato subir para B21 até 2035, a capacidade de esmagamento do País chegaria a 101,3 milhões de toneladas.
Ainda segundo os dados da Abiove, para viabilizar esse crescimento, o parque fabril — entre indústrias esmagadoras e usinas de biocombustíveis — demandaria R$ 53 bilhões em investimentos nos próximos dez anos.
“Cada ponto percentual da mistura está aumentando a demanda por óleo de soja na ordem de 800 mil toneladas. E isso está exigindo um aumento de capacidade. Mas claro que a percepção de cada empresa gera gatilhos diferentes de investimento”, pontua Amaral.
Norte e Nordeste puxam crescimento
Geograficamente, as regiões que mais colaboram para o processamento de oleaginosas continuam sendo a Centro-Oeste, cuja participação cresceu de 43,8% para 44,4%, e a Sul, que diminuiu sua fatia de 35,3% para 33,7%.
Quando se analisa as regiões que puxaram o aumento em âmbito nacional, além da Centro-Oeste, o Nordeste (de 5,9% para 6,6%) e o Norte (de 3,8% para 4,3%) tiveram crescimentos em suas participações.
No Centro-Oeste, a explicação para o protagonismo é intuitiva: a região é o berço de cerca de metade da produção de soja no País — 86,5 milhões de toneladas de um total em âmbito nacional de 171,4 milhões de toneladas na safra 2024/25.
Além disso, vem sendo palco de forte crescimento nos biocombustíveis, puxado pelo etanol de milho. E também recebe investimentos em infraestrutura, que apontam para um incremento ainda maior.
Já nas outras regiões, o diretor da Abiove diz que a expansão acompanha o crescimento da produção de grãos no Matopiba. A zona de confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia é a mais recente fronteira da produção de grãos e vem ganhando protagonismo com diversos projetos instalados ou anunciados.
“A indústria cresce lado a lado com o crescimento da disponibilidade de matéria-prima”, conclui Amaral.