
Na ascensão do agro na economia nacional, a moda é um capítulo à parte. E a história de Rubens Inácio, um fazendeiro que pegou gosto pela carreira empreendedora, é parte dela. O empresário é fundador e CEO da TXC, uma referência na moda rural com 73 lojas em todo o País, entre franquias e multimarcas.
Inácio contrariou a lógica no setor. “Geralmente a moda vai dos grandes centros, eixo Rio-São Paulo, para o interior. Nós fizemos o caminho contrário, em busca de um produto com identidade”, diz o empreendedor, que é de Redenção, no Pará. “Na minha cidade, por exemplo, só tinha Cacau Show e O Boticário. O homem moderno do interior está ganhando dinheiro, vai para Balneário Camboriú, mas ainda estava órfão de marca.”
Apenas duas lojas da TXC estão em cidades com mais de um milhão de habitantes — em Mato Grosso, são 18 franquias. Mas a fraca presença nos grandes centros isso não impede que a empresa tenha uma margem comparável às gigantes do setor.
No mar de desafios da moda nacional, a TXC entregou uma margem Ebitda de 12% no ano passado e tem o objetivo de chegar a 18% no fim de 2025. Para referência, gigantes da moda nacional, como Renner e C&A — que têm um patamar de preços similar ao da TXC — têm margem em torno de 15%.
O faturamento foi de R$ 159 milhões no ano passado, um crescimento de 36% em relação a 2023, segundo Inácio. Além dos pontos de venda físicos, a TXC também comercializa seus produtos por meio de seu e-commerce. Para os próximos três anos, a meta é dobrar de tamanho.
A trajetória é motivo de orgulho para o empreendedor. “Me emancipei com 15 anos para abrir minha primeira empresa. Comecei muito novo. Desde então, já foram 17 empreitadas até chegar na TXC, que abrimos em 2015”, conta.
O projeto saiu do papel por um cenário adverso a outro negócio de Inácio, uma loja multimarcas chamada Texas Center. “Eu já tinha morado nos Estados Unidos por duas vezes, no Texas e na Califórnia, e veio daí a ideia de criar um produto com identidade. Inicialmente, era para ‘o cara do cavalo’ mesmo, mas ao longo do tempo a marca foi se expandindo, conforme nossa estratégia amadureceu”, explicou Inácio.
A transformação da marca de roupas de caubói em uma linha de roupas direcionada ao homem moderno que atua no agronegócio veio na pandemia, época em que a estratégia da empresa passou a ser a de crescer por meio de franquias — até então, eram apenas poucas multimarcas.
Mais franquias
A estratégia de crescimento para os próximos anos passa pelo fortalecimento do modelo de franquias. Hoje, 20% da receita da empresa vem de franquias, 70% de multimarcas e o restante do e-commerce. A meta é chegar em 2028 com 40% da receita vindo de franquias, outros 40% de multimarcas e manter o patamar de vendas online.
Do lado de trás do balcão, a chave para crescer está na capacitação dos franqueados, aponta o CEO, um fator que tem feito a companhia investir em tecnologia, criando uma plataforma de aprendizado que pode ser acessada por todos eles, a TXC+.
Geograficamente, o foco continua sendo regiões com presença do agronegócio. “O Brasil tem 5,5 mil cidades e, considerando as que têm até 50 mil habitantes, esse número supera 3 mil”, frisa Inácio.
Segundo o CEO, em média um cliente em uma cidade como as que a companhia está presente vai sete vezes por ano à loja. O número é muito maior do que o de uma franquia na capital, frequentada em média duas vezes por ano em shoppings — e um sinal da fidelidade do interior.