Recuperação de pastagens

No leilão do EcoInvest, Itaú tem o maior número de hectares

Banco submeteu ao projeto cerca de 300 mil hectares, cerca de 20% do total. Mais de R$ 30 bilhões serão destinados a projetos de recuperação de pastagens degradadas

Pecuária; EcoInvest levanta recursos para recuperação de pastagem degradada

A lista completa do desempenho de cada banco no segundo leilão do EcoInvest, realizado nesta quinta-feira, ainda não é pública — mas o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, entregou uma palhinha do que vem por aí no SP Climate Week, evento realizado pelo Itaú BBA.

“O Itaú foi o banco que se comprometeu com o maior volume de recuperação [de pastagens] em termos de hectares, é algo bastante relevante”, ressaltou o secretário nesta sexta-feira, evitando trazer números exatos sobre essa liderança.

Segundo Pedro Fernandes, diretor de Agronegócio do Itaú BBA, a instituição financeira submeteu para a iniciativa cerca de 300 mil hectares — aproximadamente 20% do total de 1,4 milhão de hectares. O EcoInvest é um programa do governo federal que busca atrair capital estrangeiro para projetos verdes no Brasil.

Além do Itaú, outras nove instituições financeiras foram selecionadas no leilão. A iniciativa funciona no formato de um blended finance, buscando dinheiro mais barato para iniciativas de agendas consideradas prioritárias na pauta da sustentabilidade. Neste segundo leilão, o foco era recuperação de pastagens degradadas.

No mix entre capital público e privado, serão destinados R$ 30,2 bilhões para projetos de recuperação de pastagens — sendo que R$ 13,7 bilhões virão das dez instituições financeiras selecionadas.

O dinheiro colocado pelo Tesouro (R$ 16,5 bilhões) será remunerado a juros de 1% ao ano. Considerando os juros de mercado dos bancos, na ponta, a ideia é que os empréstimos fiquem ao redor de um dígito ao ano, explicou Ceron.

Não existe um tíquete mínimo para os projetos. O EcoInvest pode contemplar investimentos grandes, com efeito de arrastar uma cadeia de pequenos produtores — um tipo de iniciativa principalmente importante em biomas mais complexos, como a Caatinga. Mas, nem por isso, projetos menores ficam descartados.

“A gente toma muito cuidado para fazer esse adensamento de cadeia, envolver cooperativas e pequenos produtores. Acho que os projetos estão bem balanceados”, destacou Ceron.

Os desembolsos vão acontecer entre 2025 e 2027, como parte da estratégia do governo de recuperar 40 milhões de hectares nos próximos dez anos.

Os projetos dedicados ao Cerrado compõem a maior parte da alocação, afirmou Ceron. Outros 10% estão ligados ao bioma amazônico e o mesmo percentual em projetos na Caatinga. Cerca de 12% está ligada à alocação em reflorestamento sustentável.

Mais leilões em 2025

No ano da COP30 no Brasil, Ceron adiantou que, além do leilão recém-concluído, outros dois devem vir a mercado até o final do ano. O terceiro, que deve sair até o final deste mês, será o primeiro focado em equity.

O foco é formar um FIP capaz de estimular iniciativas de inovação (como startups) ligadas à economia de baixo carbono, atraindo capital estrangeiro. “É um leilão muito mais provocativo, exigindo esforço técnico para minimizar a volatilidade cambial e para criar uma estrutura de primeiras perdas”, destacou Ceron.

O quarto leilão, ainda sem data marcada (mas até dezembro) deve ter algo específico para o bioma amazônico, focando principalmente em bioeconomia e na agenda de produtos baseados na natureza.

“É uma agenda ainda sendo construída com outros atores e instituições”, explicou Ceron. Com isso, o secretário afirmou, será possível atacar todas as dores que o programa gostaria de enfrentar.

“Depois a gente volta a fazer outros leilões, criando outras tranches, mas garantindo que a execução e avaliação de fato evidenciem o sucesso do programa. Tem um monte de recursos sendo direcionados e um monte de novidades muito relevantes”, afirmou.