Raiz do Negócio

“No agro, é preciso olhar mais a geração de caixa do que o patrimônio”

Em entrevista ao Raiz do Negócio, Pedro Freitas, sócio da XP, diz que geração de caixa e produtividade são essenciais na análise de crédito

O aumento da inadimplência e das recuperações judiciais no agronegócio deixaram uma lição para quem toma e concede crédito: é preciso olhar mais para a geração de caixa do que para o patrimônio do produtor. A avaliação é de Pedro Freitas, sócio em Investment Banking da XP, que destaca a produtividade como fator chave na análise de crédito.

“Muitas vezes vemos casos de produtor que tem não sei quanto de fazenda, mas o que vai trazer liquidez para continuar o negócio dele é a geração de caixa. Tem que estar muito atento a isso”, disse Freitas em entrevista ao Raiz do Negócio, videocast realizado por uma parceria entre Infomoney e The AgriBiz.

Para ele, na hora de escolher as empresas e os produtores para investir ou financiar, o segredo é buscar quem produz mais com menos. “Tem que achar o parceiro certo, a turma que opera bem e barato, para saber onde se posicionar dentro dos ciclos de cada commodity”, afirmou.

Na escolha do Fiagro, a chave é ter um bom gestor — outra lição deixada pelos últimos dois anos de turbulência, vistos por ele como uma fase de “aprendizado e depuração”.

“A importância no Fiagro é você ter um bom gestor para conseguir fazer a melhor alocação possível e, quando der problema, ele poder resolver da melhor forma possível. Porque problema vai ter e é para isso que o gestor é pago”, afirmou.

Pedro Freitas, sócio da XP, em entrevista ao Raiz do Negócio | Crédito: Camila Moura/Infomoney
Pedro Freitas (à esquerda) e os jornalistas Luiz Henrique Mendes, Tatiana Freitas e Roberto de Lira durante a gravação do Raiz do Negócio

“Os investidores, de forma geral, conseguiram ver como cada gestor performou ao longo desse tempo. Foi um bom momento para depurar para a gente ir para a próxima pernada”, diz o sócio da XP, que é líder disparada no mercado de distribuição de fundos ligados ao agronegócio.

Na segunda onda de Fiagros que começa a ser desenhada, Freitas acredita que as novas ofertas públicas serão protagonizadas por gestores que tiveram uma boa performance e transparência para comunicar eventuais problemas nos últimos anos.

“E eventualmente, nas estruturas dos fundos, alguns ajustes podem aparecer que tragam menos risco para o investidor final e mais alinhamento para o gestor. É dessa forma que a indústria deve se movimentar nos próximos 12 meses e daí para frente”, afirmou.

O modelo das novas ofertas tem previsto duas classes: sênior e subordinada, com o objetivo de criar uma espécie de proteção ao investidor de varejo, conforme The AgriBiz antecipou em julho.

Na entrevista, Freitas também falou sobre o desafio de educar analistas, assessores de investimento e investidores sobre o agronegócio, que tem vários setores em um só. “A turma do agro tem que sair da usina, da fazenda e tem que vir aqui na Faria Lima. E a turma daqui tem que ir para o campo para conhecer. Não tem outro jeito, tem que sujar a botina.”

Confira a entrevista completa de Pedro Freitas aqui.