Raiz do Negócio

Calçar a botina do produtor: o segredo da 3tentos, segundo João Marcelo Dumoncel

“O sucesso que tivemos vem da nossa identificação com o produtor — aliado a uma política de estoques segura”, disse Dumoncel ao Raiz do Negócio

Na última década, a 3tentos cresceu 30% ao ano. Até durante a crise das revendas agrícolas, a empresa da família Dumoncel manteve o crescimento vigoroso. Como a companhia de origem gaúcha, que tem na distribuição um dos pilares de seu negócio, conseguiu essa proeza?

A presença mais longa na cadeia, com atuação também na originação de grãos e no processamento de soja (e, em breve, de milho), é a resposta mais clara. Mas João Marcelo Dumoncel, um dos fundadores e atual CEO da companhia, adiciona outra explicação.

“Sempre tivemos uma leitura e uma identificação muito grande com os produtores. E eu acredito que isso tem nos ajudado, no decorrer do tempo, a posicionar a empresa, as ofertas, e levar soluções que estejam realmente em linha com as expectativas do produtor. Como a gente gosta de dizer, nós temos muita facilidade de entender o produtor porque usamos a mesma botina dele”, disse o CEO da 3tentos durante o videocast Raiz do Negócio, uma parceria entre InfoMoney e The AgriBiz.

Os fundadores da 3tentos, João Marcelo, seu irmão Luiz Osório e o pai João Osório Dumoncel, são também produtores rurais. “O sucesso que tivemos nesse segmento vem principalmente da nossa identificação com o produtor — aliado, obviamente, a uma política de estoques bastante segura”, afirmou Dumoncel.

Enquanto a tese de consolidação de revendas, defendida nos IPOs da Agrogalaxy e da Lavoro, acabou perdendo força após as dificuldades financeiras enfrentadas por essas consolidadoras, a 3tentos vem aumentando o número de lojas num modelo baseado em crescimento orgânico. E assim deve continuar.

Apesar de não descartar totalmente M&As, Dumoncel diz que o crescimento orgânico deve continuar como a “linha mestra”. “A nossa tese de orgânico, com uma cultura muito forte de intimidade com o cliente, tem se mostrado muito adequada. Ela não é tão rápida, mas está entregando um crescimento sólido”, afirmou durante a entrevista.

A empresa deve fechar o ano com 73 lojas no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso. Até 2030, pretende chegar a 100. E a ambição vai além dos dois estados, revelou o CEO.

“Temos mapeados 12 estados relevantes no Brasil. Nós estamos em dois. Então temos um mercado ainda para explorar por alguns anos”, disse. Evitando mencionar os estados que fazem parte dessa lista, Dumoncel citou entre as maiores oportunidades “estados no entorno de Mato Grosso com alguma convergência logística”.

Durante o programa, o CEO falou também sobre os desafios da biomassa na produção de etanol de milho, sobre as dificuldades dos produtores gaúchos após quatro anos de problemas climático e sobre a escassez de crédito no setor.

Confira a entrevista completa de João Marcelo Dumoncel aqui.