IGC

Os M&A do agro estão de volta. Depois de um ano mais morno, a IGC Partners concluiu quatro deals em menos de um mês, assessorando negócios que vão dos fertilizantes líquidos à produção de ovos férteis.

“Foram quatro transações em nichos muito diferentes”, afirma Marcelo Semeoni Filho, sócio da IGC. Para ele, a diversidade setorial é mais uma evidência da capacidade que a butique de M&A construiu ao longo dos anos.

Fundada há quase três décadas, a IGC se tornou uma referência no País, disputando a liderança em número de M&As com ninguém menos que BTG Pactual e Itaú BBA.

Com uma abordagem dedicada exclusivamente ao sell-side, a butique ganhou a confiança dos empresários sem perder o pulso da ponta compradora. No agro, esse posicionamento fez da IGC uma protagonista.

A companhia participou da maior parte das transações envolvendo revendas agrícolas, construindo conhecimento irreplicável sobre a distribuição de insumos e as cadeias de valor que orbitam esse mercado.

A vez das granjas

“Você precisa olhar o agro com lupa para entender os ciclos e os nichos. É necessário estar perto dos compradores e investidores para compreender o que eles estão buscando”, resume Semeoni Filho.

A leitura dos ciclos mostrou o fortalecimento da cadeia de proteína animal, que foi beneficiada pela queda dos preços dos grãos usados na ração animal. A IGC já se debruçava sobre as granjas avícolas há pelo menos cinco anos, construindo um conhecimento que se materializou em negócios.

Recentemente, a IGC assessorou a G3 Agroavícola — uma das maiores granjas de ovos férteis do Nordeste — na venda de 70% do capital ao grupo paranaense Pluma Agroavícola.

“É a maior produtora de ovos férteis e pintos de corte da América Latina, com um plantel de mais de 6,5 milhões de aves matrizes. Eles exportam genética para várias partes do mundo”, conta Karim Pechliye, sócio da IGC que liderou a transação, que ainda depende da aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para ser concluída.

Os nichos dos insumos

A leitura dos nichos é outro aspecto fundamental para a IGC, o que permitiu com que M&As saíssem mesmo em mercados que, à primeira vista, passam por momentos de maior estresse — como os insumos agrícolas e commodities.

Entre os M&As acertados em setembro, estão a venda da sementeira goiana Serra Bonita ao empresário José Paulo Rochetto. A transação incluiu 22 mil hectares de terras — 12 mil próprias, com parte irrigada, e 10 mil arrendadas.

A IGC também assessorou a venda da paulista Fass Agro, do interior de São Paulo, para a Indorama, complementando a atuação da multinacional indiana com fertilizantes líquidos.

Em setores menos óbvios, a butique de M&A trabalhou com a Aqua do Brasil para a espanhola SAS, mostrando o potencial dos negócios de insumos de base botânica para hortifrúti.

Para Semeoni Filho, essas transações mostram que as boas empresas continuam atraindo interesse, e vão se destacar ainda mais depois desses momentos mais difíceis na cadeia de grãos.

Alguns compradores, aliás, já estão se antecipando à melhora do ciclo de rentabilidade das cadeias ligadas aos grãos que virá, mais cedo ou mais tarde. “Os compradores seriais sempre tentam se antecipar, para pegar a virada do ciclo ainda no começo. Estamos vendo a retomada do interesse”.