Etanol de milho

O impacto chinês para o DDG do Brasil

Segundo a Unem, mercado potencial da China para o DDG brasileiro é de 7 milhões de toneladas - quase o dobro da produção atual do País

DDG

BRASÍLIA – Em dez anos, o Brasil vai dobrar a produção do DDG. A China, sozinha, pode absorver quase tudo.

Segundo a Unem (União das Indústrias de Etanol de Milho), o mercado potencial para as importações chinesas de DDG brasileiro é de 7 milhões de toneladas.

Na safra 2024/25, o Brasil produziu 4,2 milhões de DDG. Até 2035, esse número deve dobrar na esteira do crescimento da produção de etanol de milho — o DDG é um subproduto do biocombustível.

“A China é um mercado gigantesco. Sem dúvida, o maior mercado potencial para o Brasil”, disse Bruno Alves, diretor de relações governamentais da Unem (União das Indústrias de Etanol de Milho).

A abertura da China, anunciada ontem, no final da comitiva presidencial ao país asiático, é resultado dos esforços da indústria e do governo em abrir novos mercados para o DDG, cuja produção vem aumentando exponencialmente no Brasil junto com o boom do etanol de milho.

Somente no último ano, 38 mercados foram abertos para o DDG brasileiro, segundo Alves. Os maiores clientes são Vietnã e Nova Zelândia, mas o Brasil também tem exportado para Espanha e Turquia. Na última safra, os embarques somaram 1 milhão de toneladas.

Nos cálculos da Unem, a capacidade das indústrias de etanol de milho vai atingir 16 milhões de litros em dez anos, praticamente o dobro da produção na safra passada, de 8,2 bilhões de litros.

Para isso, a indústria vai demandar 45 milhões de toneladas de milho para processamento, o equivalente a aproximadamente 30% da produção nacional, estimada pela Unem em 151 milhões de toneladas em dez anos.

O produtor agradece. “É uma grande notícia para o Brasil. Quando você tem um aumento na produção de etanol, o mercado interno absorve, mas não é suficiente. Poderia chegar um momento em que o aumento da oferta começaria a afetar os preços. E o DDG ajuda a pagar a conta da indústria”, disse Glauber Silveira, diretor-executivo da Abramilho (Associação dos Produtores de Milho e Sorgo), que promoveu nesta quarta-feira o seu terceiro congresso em Brasília.

Apesar de ter mais representatividade na receita das usinas, o DDG é crucial no planejamento das empresas, chegando a cobrir cerca de 40% dos custos com a aquisição do grão.

Desafios no curto prazo

Mesmo com a abertura da China, o cenário no curto prazo continua desafiador para as indústrias de etanol de milho, na avaliação de Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos.

Com vários projetos entrando em operação nos últimos dois anos (e outros na fila para iniciar o processamento nos próximos), o preço do milho subiu, elevando os custos, e o valor do DDG caiu, devido ao aumento de oferta. Além disso, o valor da biomassa, usada para cogeração nessas usinas, aumentou devido ao aumento da demanda. Assim, as margens caíram.

“Com um cenário de juros elevados, que exigem um maior retorno, projetos que estavam apenas no papel devem ser postergados. Quem começou, vai continuar”, disse Alencar durante o congresso da Abramilho.

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A jornalista viajou a Brasília a convite da Abramilho.