
A Gnova Grains vai de vento em popa. Pouco mais de dois anos depois do nascimento, a trading formada pelos ex-Agrogalaxy Ronan Giuliangeli e Fernando Oliveira deve dobrar mais uma vez, chegando aos R$ 2 bilhões em faturamento em 2025.
“Nós tínhamos feito um orçamento até mais modesto, mas tivemos boas oportunidades. A China olhando a soja brasileira deu uma acelerada nos negócios esse ano. Vamos ter uma margem melhor do que a do ano passado. Estamos tendo um pouco mais de escala”, explicou Giuliangeli, ao The AgriBiz. Em 2024, a margem Ebitda foi de 2%.
Do lado da oferta, a trading expandiu sua presença geográfica, entrando em mais dois estados (Goiás e Pará) no ano passado. Em 2025, incluiu ainda Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Ao todo, a empresa está presente em sete estados.
No ano, a empresa estima movimentar mais de 1,2 milhão de toneladas, principalmente de grãos — no ano passado, foram 640 mil. Nessa conta, entra ainda de forma tímida a exportação de trigo, reflexo da inauguração de uma nova unidade em Londrina (PR).
“A gente também vem olhando o gergelim, mas é um mercado que ainda estamos conhecendo. Por enquanto, o foco segue em soja, milho e trigo”, explica Giuliangeli.
De olho na logística
Para escoar toda essa produção — otimizando margem — a empresa vem olhando mais de perto também para a questão logística. Especificamente, para parcerias com ferrovias.
A empresa já mantém, desde 2023, um acordo comercial com a Rumo (focada principalmente na exportação via Paranaguá e São Francisco do Sul) e, neste mês, fechou outro com a VLI, de olho no arco norte.
“Nossa operação é relativamente grande no centro-norte, especialmente no Vale do Araguaia. Nós estávamos fazendo muito transporte no rodoviário, mas estar no ferroviário acaba sendo muito mais competitivo”, explica Giuliangeli.
No segundo semestre deste ano, cerca de 40% a 45% do volume originado na região deve ser escoado via ferrovia, uma estimativa inicial da parceria recém-firmada.
Ao deixar de transportar volumes via rodovia, nessa rota, a trading não tem necessariamente uma economia de custos, mas maior segurança e previsibilidade dos fretes.
“Tempo em si é bem parecido, mas você ganha mobilidade, consegue outros portos para descarregar e uma garantia de tarifa. Além disso, há o acesso à capacidade dos portos, não há o risco de ficar numa fila de caminhões”, explica Giuliangeli.
Os contratos não são da modalidade take or pay. A Gnova aproveita janelas de embarque de grãos, com contratos um pouco mais flexíveis do que a modalidade tradicional de contratos — o que garante alguma vantagem em relação à alta dos fretes.
No primeiro trimestre deste ano, com a concentração do escoamento da soja, o aumento do frete no Mato Grosso subiu cerca de 25% a 30% em relação ao ano passado, por exemplo.
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De olho no futuro, a Gnova também mantém conversas com operadores de hidrovias, mas por enquanto ainda esbarra na capacidade de atendimento desse modal.