Meteorologia

Calor excessivo diminui rapidamente umidade do solo no centro e sul

Conab aponta déficit hídrico para o desenvolvimento da safrinha em regiões que registram temperaturas próximas a 40°C e ausência de chuva

Março segue a toada de todos os outros meses de verão e primavera no Brasil: pouca chuva e muito calor.

A primeira quinzena do atual mês registrou acumulado inferior ao normal e o último boletim da Conab indica déficit hídrico para o desenvolvimento da segunda safra de milho no oeste de São Paulo, oeste e norte do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul e sul da Bahia.

A situação não deverá mudar muito na maior parte do Brasil. Estamos sob um bloqueio atmosférico com uma frente fria parada sobre a foz do Rio da Prata, entre a Argentina e Uruguai. Enquanto parte dos dois vizinhos está debaixo d’água, a temperatura no centro e sul do Brasil alcança quase 40°C, diminuindo ainda mais a umidade do solo e afetando cada vez mais áreas produtoras.

Apenas na segunda metade da semana que vem, o bloqueio atmosférico romperá, levando um pouco mais de chuva às áreas afetadas.

Tempestades no arroz

Além da questão da falta de chuva e do calor excessivo em partes do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, os próximos dias serão caracterizados por tempestades sobre o Rio Grande do Sul.

As mesmas chuvas que neste momento alcançam a Argentina e Uruguai também serão vistas em áreas produtoras gaúchas de arroz, diminuindo a radiação solar que é vital para o desenvolvimento da cultura. Além disso, o excesso de chuvas deve paralisar a colheita nos talhões que foram instalados de forma mais precoce.

Em pouco menos de dez dias, estimam-se acumulados entre 100mm e 300mm em municípios da Fronteira Oeste e da Campanha gaúcha.

Mais calor em abril

Abril será a repetição do mês de março no Brasil. A expectativa é de chuva mais intensa e concentrada sobre o Rio Grande do Sul, costa do Nordeste e alguns Estados da região Norte, como Amazonas, Roraima e norte do Pará.

Na maior parte do Brasil, predominará o calor e a chuva abaixo da média. Neste contexto, há um agravante: a climatologia de chuva é bem mais baixa em abril na maior parte do Brasil. E a previsão de um acumulado abaixo da média indica que a umidade do solo continuará diminuindo. Vai faltar água para o desenvolvimento da segunda safra de milho, sobretudo nas áreas instaladas de forma mais tardia.

El Niño x La Niña

O fenômeno El Niño, embora cada vez menos intenso, não acabou. Seus efeitos serão sentidos no Brasil até meados do ano. Insisto nesta afirmação, porque eventualmente recebo perguntas se o fenômeno já acabou e percebo a surpresa do produtor com a resposta de que o efeito ainda irá longe.

Por conta do anúncio da formação de um fenômeno La Niña, a impressão para muitos é que o aquecimento do Pacífico (El Niño) já acabou. Em tempo: os efeitos do resfriamento do Pacífico (La Niña) serão vistos apenas no próximo período úmido, a partir de outubro, novembro.