Safra 2025/26

Produtor troca MAP por fosfato mais barato — e produtividade preocupa

Aumento das importações de produtos com menor concentração de fósforo compensam queda nas compras de MAP; impacto dessa substituição nas lavouras é uma incógnita

Imagem ilustrativa para fertilizantes nitrogenados; nitrogênio | Crédito: Schutterstock

O aumento nos preços dos fertilizantes, sobretudo dos fosfatados, está provocando uma transformação no mercado brasileiro neste ano.

O Brasil aumentou as importações de produtos com menor concentração de fósforo — opções mais baratas ao MAP —, levantando dúvidas sobre o tipo de impacto que essa substituição pode causar à produtividade da soja na safra 2025/26.

De janeiro a agosto deste ano, as importações de MAP caíram 17% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) compilados pela equipe de analistas do Rabobank. Já as importações de superfosfato simples (SSP) e de superfosfato triplo (TSP) aumentaram 23% e 31%, respectivamente.

Considerando os três produtos, o resultado é de relativa estabilidade nas importações totais de fósforo, com uma queda de apenas 1% em nutriente equivalente, para 2,36 milhões de toneladas, segundo os cálculos do Rabobank.

Na planilha do produtor de soja, o item que mais impactou os custos da safra 2025/26 foi o MAP, com uma alta de aproximadamente 20%, segundo Jeferson Souza, analista da Agrinvest Commodities. Uma forte restrição nas exportações do produto pela China, tradicionalmente uma grande fornecedora, impactou o mercado.

Riscos

A busca do agricultor por opções mais baratas tem levantado preocupações sobre o risco de perdas de produtividade na safra de soja que está sendo plantada — e até nas próximas.

“Nunca foi tão verdade que o barato sai caro. O Brasil tem recebido uma quantidade grande de produtos de baixa solubilidade em água. O que isso quer dizer? A planta, no final do dia, vai acabar não absorvendo todo o nutriente que o agricultor esperava colocar”, diz um alto executivo de uma grande empresa do setor.

Para analistas que acompanham o mercado de fertilizantes, ainda é prematuro falar em perdas de produtividade.

“Em nutriente equivalente, não há um déficit na importação de fósforo. O aumento na importação do super simples e do triplo está compensando a queda no MAP”, disse Bruno Fonseca, analista de insumos do Rabobank, ao The AgriBiz.

Enquanto o MAP possui cerca de 48% de fósforo em sua composição, o super simples tem 16% e o triplo, 36%. Também é fato que o MAP é mais solúvel, o que facilita a absorção dos nutrientes pela planta.

Mas, na largada, a substituição dos produtos não deveria causar um prejuízo relevante em termos de produtividade, já que é possível compensar em maior quantidade aplicada, segundo Fonseca.

Além disso, ainda há um estoque de fósforo no solo que deve ser acessado nesta safra — e um clima favorável pode ajudar. “Um ano de chuva boa pode compensar uma adubação menor de fósforo”, afirmou o analista do Rabobank.

No entanto, é possível que alguns produtores enfrentem desafios operacionais por conta da substituição. Ao trocar o fertilizante que ele está acostumado a usar por outro que exigirá um volume maior nas aplicações, o agricultor precisará ter mais cuidado, pondera.

Para Souza, da Agrinvest, só o tempo dirá que tipo de herança essa transformação no mercado de fosfatados poderá provocar. É possível que, nesta safra, a performance seja positiva devido à reserva do nutriente que o solo carrega da temporada anterior.

“Pode ser que demore três ou quatro safras para sentir diferença devido à quantidade de fósforo que o solo possui. É algo muito difícil se mensurar em apenas uma temporada”, disse Sousa.