
Graças à recuperação dos negócios no Brasil, a Yara não precisa mais escolher entre margem e volume de vendas. No balanço divulgado nesta sexta-feira, a gigante norueguesa de fertilizantes mostrou que a receita no País cresceu mais de 30%, um resultado que ajudou a jogar a lucratividade para cima.
No segundo trimestre, a Yara registrou uma receita líquida de US$ 3,9 bilhões, um crescimento de 11,8% na comparação anual. No Brasil, as vendas da companhia totalizaram US$ 850 milhões.
Em termos absolutos, a receita aumentou em US$ 419 milhões. Grande parte disso veio das Américas (que responderam por mais da metade dessa cifra), com o Brasil, sozinho, fazendo US$ 206 milhões em receitas adicionais.
A companhia entregou 1,3 milhão de toneladas de fertilizantes no Brasil no segundo trimestre, um aumento de 17%, o que confirma a volta ao crescimento depois de três anos consecutivos com queda de vendas no segundo trimestre.
Em escala global, o CEO da Yara, Svein Holsether, ressaltou que o mercado segue com bons fundamentos, especialmente no mercado de nitrogenados.
“Esse fator, somado ao nosso forte desempenho comercial, permite prêmios elevados tanto em nitratos quanto em NPK. Tivemos um lançamento bem-sucedido para a nova safra na Europa”, ressaltou o executivo, em teleconferência.
No médio prazo, a Yara vê potencial de bons resultados na ureia diante da dinâmica apertada de oferta e demanda daqui até 2030. Para capitalizar em cima disso, a Yara estuda até mesmo a possibilidade de importar amônia, disse Magnus Ankarstrand, CFO da companhia.
“Com o novo normal sendo um custo de gás estruturalmente mais alto na Europa, é necessário ter mais flexibilidade operacional para aumentar margens, com novos ativos capazes não apenas de reduzir o custo fixo por tonelada, mas proteger nossa base de nitrato e NPK. Isso nos dá flexibilidade na forma como abordamos potenciais investimentos em produtos de amônia principalmente nos Estados Unidos”, disse.
O impacto nos resultados
A combinação de mais volumes com margens saudáveis ajuda a entender o Ebitda da companhia. No trimestre encerrado em junho, a Yara reportou US$ 645 milhões nessa linha, ante US$ 490 milhões no mesmo período do ano anterior.
Holsether ressaltou a importância da melhora da capacidade de produção a partir da base de ativos já existente para a melhora da lucratividade da companhia.
Um melhor uso das fábricas, somado ao foco em produtos premium, garantiu um ganho de mais de US$ 100 milhões em Ebitda para a companhia em bases anualizadas desde 2019, disse.
Os ganhos chegaram até o lucro líquido da empresa, que passou de US$ 3 milhões no trimestre encerrado em junho passado para US$ 413 milhões.
No esforço de impulsionar a rentabilidade ao longo de todo o ano, a companhia mantém um programa de corte de custos, p que já se traduziu em uma redução de US$ 46 milhões do ano passado para cá.
Na teleconferência, o CEO afirmou que a companhia reduziu o guidance de capex de US$ 1,35 bilhão para US$ 1,1 bilhão para 2025.
“No ritmo em que estamos, vamos entregar mais do que o previsto, o que reforça a capacidade de execução da companhia mesmo num ambiente de maior volatilidade global e uma disciplina de capital exemplar”, frisou o CEO.
***
Listada na bolsa de Oslo, a Yara está avaliada em 98,9 bilhões de coroas norueguesa (o equivalente a US$ 9,6 bilhões). No ano, os papéis sobem 28%.