
A Vibra acaba de anunciar o fim da sociedade que mantinha com a Copersucar na Evolua Etanol, em um movimento estratégico que dá flexibilidade à maior distribuidora de combustíveis do País para originar etanol de diversas regiões e matérias-primas.
“Queremos consolidar a nossa posição de liderança no mercado de etanol”, disse o CEO da Vibra, Ernesto Pousada, em entrevista ao The AgriBiz. Atualmente, a dona dos postos BR divide a liderança, cabeça a cabeça, com a Raízen — da bandeira Shell.
O desfazimento da sociedade reflete uma mudança estrutural no mercado brasileiro de etanol. Segundo Pousada, a grande vantagem da Evolua Etanol se perdeu após o boom do etanol de milho.
Originalmente, pensava-se que a joint venture poderia se beneficiar do carrego de etanol para vendê-lo na entressafra da cana (entre dezembro e março), mas a disponibilidade de oferta trazida pelo etanol de milho limitou esse potencial.
“Estruturalmente, essa vantagem acabou”, resumiu o CEO da Vibra.
Nesse contexto, a sociedade com a Copersucar se tornou um entrave para a dona dos postos BR. Pelos termos da joint venture, na qual detinha 49,99% do capital, a Vibra era obrigada a adquirir 100% do etanol da Evolua Energia.
Com o fim da sociedade, a Vibra vai poder usar sua estrutura de trading para comprar etanol de outros fornecedores, ganhando poder de arbitragem para fazer compras mais vantajosas.
Na visão do executivo, essa flexibilidade será particularmente relevante para o crescimento previsto para o consumo de etanol nas regiões Norte e Nordeste, as novas fronteiras de expansão do etanol de milho.
Como a Vibra possui a maior infraestrutura de distribuição de combustíveis nessas regiões, há uma avenida para explorar na distribuição de etanol e liderar esse mercado, de acordo com Pousada.
O executivo disse ainda que as negociações para fim da joint venture foram amistosos, preservando as boas relações com o sócio, que ficará com a marca Evolua Etanol. “Vamos continuar sendo clientes, mas com liberdade de aquisição”, frisou.
Segundo Pousada, as conversas com a Copersucar para encerrar a sociedade começaram há dois anos e, portanto, não possuem qualquer correlação com os posição montada recentemente pelo empresário José Odvar Lopes, dono da gigante de etanol de milho Inpasa, no capital da Vibra.
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Tecnicamente, a sociedade entre Vibra e Copersucar será encerrada no primeiro trimestre de 2026, no fim da safra 2025/26. No última temporada, a Evolua Etanol registrou uma receita líquida de R$ 12,4 bilhões, conforme as demonstrações financeiras.
O impacto financeiro do fim da sociedade é imaterial para a Vibra.
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Em nota, a Copersucar ressaltou que o fim da sociedade com a Vibra está alinhada às estratégias das duas companhias.
“O relacionamento comercial entre Copersucar e Vibra permanece sólido, o que reforça a confiança mútua que marca a relação entre as duas organizações”.
De acordo com a Copersucar, a Evolua Etanol seguirá com as operações de “comercialização de etanol com o mesmo nível de serviço, atendimento e qualidade atuais e o foco de viabilizar soluções, escala e eficiência à cadeia de suprimentos do etanol”.