
Uma relação que começou com conversas sobre tecnologia evoluiu para um contrato de compra e hoje tem até projeto de pesquisa em conjunto. Assim é a parceria firmada entre a Tereos e a ICL, que ganhou contornos mais claros no ano passado — e já traz retorno.
As conversas entre as empresas começaram em 2021, diante do interesse da Tereos nas tecnologias comercializadas pela empresa israelense de insumos. No ano passado, enfim, veio um contrato de parceria comercial e de desenvolvimento de novos produtos.
Hoje, 100% do fertilizante sólido usado pela Tereos vem da ICL. Ao usar o fertilizante especial, a gigante de açúcar e álcool substitui a aplicação tradicional do NPK “comoditizado” por um produto que agrega mais inteligência na lavoura.
Na Tereos, esse tipo de insumo é aplicado na parte da plantação em que não se aplica a vinhaça (um subproduto da produção de etanol, num conceito de sustentabilidade e agricultura regenerativa).
São, ao todo, cerca de 40 mil hectares em que o fertilizante sólido é usado. Ao substituir a opção tradicional pelo produto da ICL, um fertilizante especial, a Tereos conseguiu uma redução de 30% na aplicação de nitrogênio e potássio na lavoura. A tecnologia adotada tem uma inteligência de liberação controlada, o que traz uma eficiência maior na aplicação dos produtos na comparação com os tradicionais.
“No fertilizante convencional, na hora que tiver umidade, a planta consegue aproveitar os insumos e, se ela não ingerir, acabou. Com a escala gradual desse fertilizante, a planta consegue aproveitar melhor e eu consigo reduzir a dosagem”, explica José Olavo Vendramini, superintendente de excelência agronômica da Tereos.
A escolha traz um ganho financeiro: apesar de o custo unitário do fertilizante especial ser mais caro, a redução na quantidade aplicada permite uma economia de 10% por hectare. Com a redução na aplicação do fertilizante nitrogenado, há também um ganho ambiental.
Novos produtos
O contrato firmado entre a Tereos e a ICL também prevê o desenvolvimento de novas tecnologias. “O primeiro contrato desse tipo no setor canavieiro é nosso”, destaca Vendramini. “A gente tem a vantagem de testar primeiro e escalar antes dos concorrentes.”
Atualmente, as empresas trabalham em conjunto para uma tecnologia que seria equivalente a um protetor solar para a cana de açúcar. O foco é uma pesquisa ligada a aminoácidos, capazes de fazer com que as plantas consigam poupar energia em momentos de calor extremo.
“No citrus esse tipo de tecnologia é muito bem empregada, fica uma película cálcica na planta. Se já tem bons resultados em outras culturas, por que não na cana? Existe uma série de particularidades fisiológicas, claro, mas também muita oportunidade”, ressalta.