Safra 2024/25

As usinas querem produzir açúcar como nunca. Mas oferta deve cair

BP Bunge estima mix de açúcar em 51,5%, o maior da era dos carros flex, mas volume produzido deve ser menor devido a uma queda na disponibilidade de cana

O percentual da cana que será destinado à produção de açúcar na safra 2024/25 deve ser o maior da era dos carros flex, devido aos investimentos realizados na expansão da capacidade de cristalização. Mas isso não vai garantir um aumento na oferta da commodity.

Pela primeira vez desde a safra 2004-05, as usinas do Centro-Sul usarão mais de metade da cana para produzir açúcar. Segundo estimativas da BP Bunge, o mix açucareiro será de 51,5%, ante 48,7% na safra 2023/24. A estimativa considera que cerca de 2 milhões de toneladas serão adicionadas à capacidade de produção de açúcar na região.

A produção de açúcar, no entanto, deve cair 2%, para 41,7 milhões de toneladas, diz Ricardo Carvalho, diretor comercial da BP Bunge. “O Brasil vai quase manter sua produção de açúcar, mesmo com um mix grande e maior capacidade de cristalização”, disse ao The Agribiz.

O volume de açúcar não acompanha o aumento no mix porque haverá menos cana para ser processada. A moagem no Centro-Sul é estimada em 610 milhões de toneladas pela BP Bunge, uma retração de quase 8% em comparação com o recorde de 661 milhões de toneladas na safra passada. “As chuvas no Centro-Sul, em janeiro e fevereiro, estão abaixo da média histórica”, disse Carvalho.

Açúcar x Etanol

Para o diretor comercial da BP Bunge, o açúcar continuará sendo mais atrativo do que o etanol em 2024, apesar de os últimos meses terem sido marcados por uma recente queda no preço do açúcar em Nova York e uma reação do etanol no mercado interno.

“O mundo precisa do Brasil mais açucareiro. Mesmo que os combustíveis melhorem, o mercado vai garantir que o açúcar continue com um prêmio sobre o etanol”, afirmou. No ano passado, a diferença entre os preços do açúcar em Nova York e o preço do etanol equivalente no Brasil chegou a US$ 0,10 por libra-peso, um recorde.

A demanda doméstica pelo biocombustível apresenta recuperação desde o final de 2023, impulsionada por um consumo recorde de combustíveis e pelo aumento na competitividade em relação à gasolina. Mesmo assim, os estoques de hidratado devem encerrar esta entressafra acima da média histórica, diz Carvalho.