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O que a Bunge espera da integração com a Viterra

Após a fusão, companhia fica mais equilibrada entre esmagamento e originação, disse o CEO

A Bunge continua patinando em um ambiente macroeconômico desafiador, afetado pela falta de clareza sobre tarifas comerciais e a política de biocombustíveis nos Estados Unidos. Nesta quarta-feira, a gigante americana apresentou uma queda de 32% no lucro por ação, mas renovou o ânimo dos investidores com as perspectivas para a integração com a Viterra.

Depois de finalmente concluir a operação, no início deste mês, os times estão se movimentando rapidamente para identificar e capturar economias de custo, além de oportunidades comerciais que não poderiam ser exploradas antes do fechamento da fusão, afirmou o CEO da Bunge, Greg Heckman.

“Já estamos nos movimentando para implementar eficiências logísticas e de transporte, com potencial para reduzir despesas entre a origem e o destino. Essas são sinergias duradouras que beneficiarão todos na cadeia de valor”, disse o CEO em call com analistas nesta quarta-feira. “Continuamos tão entusiasmados como sempre com o nosso caminho à frente.”

As potenciais sinergias comerciais têm deixado o executivo “especialmente entusiasmado”. Heckman explicou que os ativos de armazenagem da companhia combinada se beneficiam de safras abundantes globalmente e proporcionam à companhia maior flexibilidade comercial, podendo estocar os grãos em momentos de demanda fraca.

Segundo o CEO, a empresa resultante da fusão também é mais equilibrada entre esmagamento e originação. “A forma como a originação junto ao produtor apoia nossos ativos mostra o quão bem essas operações se complementam. É, essencialmente, uma fusão vertical. Isso vai aumentar significativamente nossa flexibilidade comercial”, afirmou.

A fusão também coloca a Bunge na posição de maior e mais eficiente processador de grãos na Argentina. “E isso num momento em que o país caminha para a estabilização, algo importante para toda a nossa operação de esmagamento”, observou o CEO.

No balanço divulgado hoje e no guidance para o ano, que se manteve inalterado, a Bunge ainda não incluiu os números da Viterra. A ausência de detalhes na matemática por trás da nova operação é uma preocupação de analistas.

“Embora a administração tenha indicado no passado que provavelmente levaria mais tempo para ter uma visão atualizada sobre os efeitos no balanço, a falta de orientação formal sobre a entidade combinada será um obstáculo e resultará em comparações confusas no terceiro trimestre”, afirmou o Morgan Stanley em relatório nesta quarta.

Ajuda brasileira

No segundo trimestre, a Bunge registrou uma queda de 32% no lucro por ação, de US$ 1,73 para US$ 1,31. Mesmo assim, o resultado ficou significativamente acima da média da projeção dos analistas compilada pela Bloomberg, que apontava para US$ 1,11.

Os resultados da operação de processamento superaram as expectativas na América do Sul, com margens mais altas no Brasil e na Argentina, enquanto o negócio de óleos refinados e especiais foi impactado negativamente pelas incertezas relacionadas à política de biocombustíveis nos Estados Unidos.

As ações da Bunge reagiram com alta ao balanço e às perspectivas sobe a integração com a Viterra. No início da tarde, os papéis chegaram a subir 5% na Bolsa de Nova York. Em 12 meses, no entanto, as ações caem quase 30%.