
Depois de desembolsar mais de R$ 1 bilhão para comprar terras e assumir arrendamentos, a SLC vai ficar mais comedida nos investimentos, conciliando os esforços em reduzir a alavancagem com a distribuição de 50% do lucro como dividendos.
Em teleconferência com analistas nesta quarta-feira, o diretor financeiro da SLC, Ivo Brum, afirmou que a companhia da família Logemann prevê reduzir o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) abaixo de 2 vezes em meados de 2026.
No balanço trimestral divulgado ontem à noite, a SLC mostrou o impacto que os investimentos em terra tiveram sobre a estrutura de capital. Em 31 de março, a alavancagem atingiu 2,27 vezes, o que ainda é um nível confortável. Um ano antes, no entanto, esse indicador estava em 1,31 vez.
As aquisições de terras também drenaram o caixa da SLC. De janeiro a março, a companhia consumiu R$ 1,4 bilhão em caixa. Esse montante inclui os pagamentos de insumos usados na safra e principalmente as compras de terras (R$ 636 milhões em compra de terras) e da participação na LandCo.
Agora, a tendência natural é desalavancar. “A SLC deve diminuir a velocidade de crescimento e usar o caixa gerado para reduzir o endividamento”, ressaltou Brum, em entrevista a jornalistas.
Aos analistas, o executivo lembrou que a SLC é uma forte geradora de caixa, especialmente no segundo semestre – quando vende o algodão. Por isso, a convergência para uma alavancagem abaixo de 2 vezes parece uma direção factível em 2026.
“Ficamos com a alavancagem um pouco acima de 2 vezes. Não é um número alto para quem fez o volume de aquisições que fizemos”, ressaltou Brum, lembrando que a companhia projeta uma rentabilidade razoável na safra 2025/26 – e bem maior, já que a SLC terá mais 100 mil hectares a disposição graças aos M&As.
Embora ainda seja prematuro para uma safra que só começa a ser plantada em setembro, o diretor financeiro da SLC traçou um panorama favorável para o clima.
No momento, disse ele, os mapas climáticos apontam para neutralidade, com uma leve possibilidade de ocorrência de La Niña – fenômeno que costuma ajudar a safra no Cerrado, onde está boa parte das fazendas operadas pela SLC.
Diante desse cenário, a companhia está confiante em manter o ritmo de pagamento de dividendos dos últimos anos (um payout de 50%). Com a geração de caixa esperada, será possível desalavancar e remunerar o acionista ao mesmo tempo. “Mesmo com essa Selic”, ressaltou Brum.
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Na B3, as ações da SLC caem 0,9% nesta quarta-feira. A companhia está avaliada em R$ 8,3 bilhões.