
Em uma transação capaz de mudar a percepção dos investidores sobre as terras imobilizadas no balanço da SLC, a companhia da família Logemann acaba de anunciar um acordo com fundos geridos pelo BTG para vender a propriedade de algumas fazendas para sociedades (SPEs) que terão os fundos como cotistas.
Pelos termos da transação, a SLC terá o controle de cada uma dessas sociedades, ficando com 50,01% do capital. A companhia também firmará um contrato de parceria rural com as SPEs, que receberão o equivalente a 19% da produção agrícola (a SLC ficará encarregada de vender essa produção). A parceria terá 18 anos de vigência, com renovação automática a cada três anos.
A PSP Investiments, um fundo de pensão canadense, é a investidora dos fundos, conforme os colegas do AgFeed anteciparam. Na transação, o BTG Pactual assessorou a SLC.
Nesse modelo, a companhia dos Logemann segue como a operadora agrícola — um trunfo para os fundos do BTG, que mantêm um player reconhecido por sua eficiência global em gestão de fazendas no comando.
No arranjo societário, os fundos geridos pelo BTG vão aportar cerca de R$ 1 bilhão na sociedade. Parte do dinheiro será usada para ressarcir a SLC pela compra da Fazenda Piratini, uma propriedade de 25 mil hectares de área plantada localizada no oeste da Bahia. A fazenda, na transação, passa a fazer parte da sociedade.
Com os recursos aportados pelos fundos, as diferentes sociedades vão pagar R$ 723 milhões à SLC para comprar 21,4 mil hectares da Fazenda Paladino, e R$ 113 milhões infraestrutura (incluindo irrigação) da Paladino e da Piratini.
Ao todo, a SLC vai receber R$ 836 milhões, o que deve contribuir com a redução da alavancagem da companhia depois de um período de intensas aquisições feitas pelo grupo. Em 30 de setembro, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) estava em 2,34 vezes.
“Vamos conseguir limitar o endividamento, ficando com a alavancagem próxima de 2 vezes”, disse Aurélio Pavinato, CEO da SLC, em entrevista a jornalistas.
Questionado a respeito de novas fazendas integrarem arranjos similares, Pavinato se limitou a responder que a companhia trabalhou muito para tirar essa ideia do papel e que, por enquanto, não há outras iniciativas similares em andamento.
Além dos benefícios para a estrutura de capital, a SLC terá os fundos como sócios no projeto de investimentos em irrigação das duas fazendas. Na Piratini, a objetivo é chegar a 13,2 mil hectares em 2026. Na Paladino, a companhia pretende ter 14,7 mil hectares irrigados entre 2028 e 2030.
Os planos de ampliar a irrigação nas duas fazendas fazem parte de um plano maior da SLC, que envolve o investimento para irrigar 37 mil hectares em cinco anos. A preços de mercado, isso significa um investimento da ordem de R$ 900 milhões.