Unidade da Corteva

O pior momento para o setor de insumos ficou para trás, na visão da Corteva. Para a multinacional, o próximo ano deve trazer uma estabilidade maior de preços ao redor do mundo, com uma demanda maior do que a deste ano. A exceção é o Brasil. Mas nem tudo está perdido por aqui.

“Em relação ao preço, nós esperamos fechar o ano [2025] com uma queda de um dígito médio, um cenário melhor do que o ano passado, que teve um tombo de dois dígitos altos”, explicou Chuck Magro, CEO da Corteva, em resposta a Joshua Spector, analista do UBS.

Num breve exercício de olhar para 2026, o CEO afirmou que espera um resultado melhor do que o de 2025 para a divisão de defensivos, principalmente impulsionada por aumento de volume. O Ebitda deve ficar em US$ 4,1 bilhões, num crescimento de um dígito médio ano a ano.

Os preços devem se manter estáveis em boa parte do globo — menos no Brasil, que ainda deve ter uma queda de um dígito baixo. “A região que nos dá menos confiança em termos de preço é o Brasil. O volume tem se mantido saudável por causa do aumento de área, mas ainda precisamos ver uma estabilização de preços”, explicou Magro.

Com a perspectiva de preços estáveis nas demais regiões do globo, Magro estima um crescimento para a indústria de defensivos em 2026 na casa de um dígito baixo.

No trimestre encerrado em setembro, a multinacional teve queda de 2% na receita de defensivos na América Latina, somando US$ 770 milhões. Globalmente, houve aumento de 13%, para US$ 2,6 bilhões. E o Ebitda mais do que dobrou, para US$ 49 milhões.

Junto com os dados do trimestre, a Corteva também revisou o guidance para o ano. A estimativa, agora, é de um Ebitda entre US$ 3,8 bilhões e US$ 3,9 bilhões (o anterior era parecido, entre US$ 3,7 bilhões e US$ 3,8 bilhões), com uma melhora de margem e de lucro por ação.

“As aplicações de defensivos estão crescendo ao redor do mundo. Ainda precisamos ver os resultados do segundo semestre no Brasil, mas observamos um escoamento de produtos consistente nos nossos canais, com o estoque em níveis normais”, explicou Magro.

Crédito

Nesse cenário mais duro para o mercado brasileiro, os executivos também trouxeram um pouco de luz sobre como estão olhando para o mercado de crédito local. Segundo David Johnson, CFO da Corteva, a multinacional tem conseguido diminuir as perdas na comparação com o ano passado.

“Se você comparar este ano com o ano passado, nós melhoramos em algumas centenas de basis points nossas perdas em relação ao contas a receber. Investimos muito tempo diminuindo o risco dessa linha do balanço”, afirmou Johnson.

Nessa trajetória, a companhia tem investido no aumento das operações de barter, que já somam 40% das vendas da Corteva no Brasil. No Mato Grosso, para referência, na safra 2024/25, as multinacionais financiaram 30% da safra 2024/25, segundo dados do Imea.

“Nossa estratégia de go-to-market, somada ao nosso uso de barter, são, na nossa visão, dois fatores de destaque para a companhia no gerenciamento de risco para a América Latina”, frisou Magro.

Sementes

Além dos defensivos, a Corteva também espera crescer na divisão de sementes. Magro destacou uma forte demanda no Brasil por sementes de milho para a safrinha, por exemplo — que já impactou os resultados do terceiro trimestre.

De olho no ano que vem, a Corteva espera crescer no Brasil com a marca Conkesta, de sementes de soja. Hoje, a companhia tem cerca de 8% do mercado. Em 2026, a perspectiva é entrar de vez nos dois dígitos e, em 2030, o plano é ter um terço do mercado brasileiro.