A Mantiqueira está na rua com uma oferta de CRA de R$ 500 milhões, na primeira emissão de dívida desde que a maior produtora de ovos do País atraiu a JBS como sócia — a companhia dos irmãos Batista compartilha o controle da granja com o empresário Leandro Pinto.
Ao acessar o mercado de capitais tendo um sócio do calibre da JBS (muito acostumada ao mercado de CRAs), a Mantiqueira terá condições de obter taxas e prazos mais vantajosos, alongando o perfil de vencimento das dívidas e acessando uma base maior de investidores.
Com o alongamento que será proporcionado pela nova emissão, a Mantiqueira também prepara o balanço para o ciclo de crescimento, que deve incluir aquisições nos Estados Unidos. Neste ano, a companhia vem crescendo quase 30%, com uma receita de R$ 1,3 bilhão no primeiro semestre.
A emissão de R$ 500 milhões marca ainda o retorno da Mantiqueira ao mercado de capitais depois de quatro anos. A última emissão de CRA da companhia ocorreu em junho de 2021, quando levantou R$ 230 milhões em um título com cinco anos de vencimento remunerado a IPCA + 5,9425%.
Previsto para ser liquidado em 5 de setembro, o novo CRA da Mantiqueira será distribuído a investidores qualificados (aqueles com R$ 1 milhão de patrimônio aplicado). Na emissão anterior, a Mantiqueira só captou com uma base reduzida de investidores profissionais.
Pelos termos do prospecto divulgado ao mercado, a Mantiqueira fará a emissão em três séries, com vencimento entre cinco e sete anos — um papel mais longo que o anterior.
Na série mais longa, com vencimento em 2032, a companhia prevê captar R$ 250 milhões, fixando a remuneração em NTN-B 32 + 0,55% ou 8%, o que for maior na data do bookbuilding. As duas séries, com vencimento em cinco anos, terão taxas máximas de 103,1% do DI e CDI + 0,55%.
Com os recursos da nova emissão, a Mantiqueira fortalece o caixa para quitar as dívidas que vencem entre 2025 e 2026 — justamente o período de amortização do CRA emitido há quatro anos. A Mantiqueira tem R$ 256 milhões a vencer neste ano e outros R$ 363 milhões previstos para 2026.
A chegada da JBS, aliás, já tinha encorpado a estrutura de capital da Mantiqueira. Com a capitalização de R$ 495 milhões feita no primeiro trimestre, o caixa da companhia passou de R$ 90 milhões em 31 de dezembro do ano passado para R$ 565 milhões no fim de junho.
Atualmente, o endividamento total da Mantiqueira soma R$ 776 milhões, com o CRA emitido há quatro anos representando a maior parcela deste passivo (44%). O índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) é de apenas 0,3 vez.
A XP Investimentos é a coordenadora líder do CRA da Mantiqueira, que também conta com o Bradesco BBI na distribuição. O Lefosse é o assessor jurídico da companhia e os coordenadores trabalham com o Machado Meyer.
