
Se depender da Koppert e da Provivi, a paquera entre as lagartas do cartucho está com os dias contados. A partir desta safra, um produto à base de feromônios passará a ser comercializado pela empresa de biológicos para combater a praga nas lavouras de soja e de milho.
Desenvolvido pela startup, o produto essencialmente interrompe o processo de acasalamento das mariposas ao confundir os machos com uma nuvem de feromônios de lagartas fêmea — uma tarefa possível graças à biotecnologia. Com o estímulo em larga escala, os machos perdem as fêmeas de vista, dificultando a reprodução da praga nas lavouras.
O produto, chamado Pherogen, já era comercializado pela Provivi no Brasil desde 2021, mas estava restrito às lavouras de algodão. Nesse intervalo, chegou a 250 produtores em 15 estados do Brasil, ou cerca de 75 mil hectares.
Agora, a partir de uma parceria firmada recentemente com a Koppert, o produto vai ganhar escala. Com o impulso da empresa de biológicos, passará a ser vendido em mais de 300 distribuidores do País, incluindo revendas e cooperativas, e vai chegar às culturas de soja e milho.
No acordo, a Provivi vende o princípio ativo para a Koppert dentro de um determinado intervalo de preços e a empresa de biológicos revende o produto para o canal ou para o produtor, com um mark-up.
“Nós somos uma empresa de manejo integrado, de olho em novas ferramentas. Nossos produtos biológicos ainda funcionam para a lagarta, mas, para potencializar a eficiência, novas ferramentas são mandatórias”, explica Felipe Itihara, gerente de inovação da Koppert.
O nome comercial do produto vendido pela Koppert será difererente, chamado de Monterey. Trata-se de um spray, aplicado usualmente num intervalo de sete a dez dias na lavoura.
Diferencial
Um ponto-chave para esse produto é que ele atua na fase adulta da lagarta — tamanho ‘jiboia’, no jargão. É uma raridade no mercado de insetididas. Mesmo os biológicos, hoje, são usados em fases mais jovens da praga.
“O que entregamos para o produtor? Uma ferramenta preventiva. Com a redução dos ovos fecundados, ele depende menos dos inseticidas ‘apaga-fogo’, usados quando a situação saiu fora de controle, e por vezes bem mais caros”, resume Pedro Coelho, co-fundador e CBO (Chief Business Officer) da Provivi.
Nenhuma das empresas traz uma projeção de custos para o produtor ou de incremento de produtividade. O argumento é que medir o retorno sobre o investimento varia muito além da aplicação isolada, compreendendo todo o manejo.
De todo modo, as empresas não são as únicas de olho nesse mercado. Além da Koppert e da Provivi, a FMC disponibilizou ao mercado também nesta safra um produto à base de feromônios, voltado ao combate da lagarta.
“O produto é parecido, porque é para a mesma praga e também é spray. Nas diferenças, o nosso tem dois ingredientes ativos e, o da FMC, um só. Nosso produto também tem um caso histórico de uso maior, porque começamos em 2021”, destaca Coelho.
Hoje, a lagarta do cartucho é uma das principais pragas a serem combatidas por produtores brasileiros, tendo em vista a resistência aos químicos usados nas lavouras. De acordo com estimativas compiladas pela Koppert, até o fim de 2025, o valor investido no controle da praga deve chegar a R$ 4 bilhões.
Segundo a Kynetec, no ano passado, os produtores trataram 23 milhões de hectares para o combate à praga — um crescimento de 37% em relação ao ano anterior.