
O mercado de insumos agrícolas começa a dar sinais de recuperação, mas a restrição de crédito está tornando a retomada mais lenta, segundo Rogério Castro, presidente da UPL no Brasil.
Apesar de as vendas de defensivos agrícolas estarem ligeiramente acima do mesmo período do ano passado, o “cenário seria muito mais positivo se não tivesse essa constrição de crédito”, disse o executivo em entrevista ao The AgriBiz.
“Percebemos que há muitas revendas e cooperativas recusando crédito aos agricultores, que acabam tendo de buscar financiamento em outro lugar. Vemos uma dinâmica de atraso [na venda de insumos] por conta disso”, afirmou.
Mas o problema não está localizado na distribuição. “Vemos uma limitação de crédito rural absurda e um acesso muito difícil ao seguro agrícola”, disse o CEO da gigante indiana. “Ainda teremos esta e a próxima safra com bastante emoção.”
Castro atribuiu o pequeno crescimento nas vendas de defensivos este ano até aqui ao baixo nível dos estoques — depois de anos de esforços da indústria e do setor de distribuição para reduzir os inventários — e a um aumento na área tratada.
No primeiro trimestre, a área tratada por defensivos cresceu 1,8%, enquanto o volume de defensivos utilizado subiu 3,4%, segundo dados do Sindiveg (Sindicato da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal).
Para todo o ano de 2025, o executivo citou estimativas de mercado que apontam para um crescimento, no Brasil, entre 4% e 5% nas vendas de defensivos agrícolas em dólares. Na UPL, o crescimento tem sido acima da média, segundo ele.
O desempenho superior ao do mercado pode ser atribuído à estratégia da empresa de apoiar parceiros estratégicos durante a crise, diz Castro. “Estamos conseguindo trabalhar com bons parceiros. Não fomos hostis em nenhuma negociação, apoiamos o setor de forma bem participativa para que ele se recuperasse e o resultado está vindo agora.”
Enquanto algumas indústrias procuraram diminuir a participação dos distribuidores nas vendas de insumos, a estratégia de vendas da UPL não sofreu mudanças significativas por causa da crise nas revendas.
A gigante indiana foi, inclusive, uma das primeiras empresas a apoiar a Lavoro, maior rede de revendas do País, no seu plano de recuperação extrajudicial. Para os fornecedores que concordem em colaborar, é comum as revendas concederem prioridade nas prateleiras.
Para a safra 2025/26, cujo plantio está começando em algumas partes do Brasil, a UPL está lançando dez novos produtos, entre herbicidas, inseticidas, fungicidas e um produto biológico. “É um ano histórico para nós. O nível de lançamentos e de inovação que estamos trazendo é desproporcional ao que vínhamos fazendo”, disse o CEO.
Os números
No primeiro trimestre do ano fiscal de 2026, encerrado em junho, a UPL apresentou um crescimento de 2% na receita líquida consolidada e de 14% no Ebitda em comparação com o mesmo período do ano passado, com a margem Ebitda alcançando 14%. As vendas na América Latina, no entanto, caíram 10%.
Para todo o ano, o guidance da empresa aponta para um crescimento de 4 a 8% da receita líquida e de 10% a 14% do Ebitda. E Castro garante que o Brasil contribuirá positivamente para o resultado. “Já está contribuindo”, disse.