Lavoro

A Lavoro acaba de informar que teve o seu pedido de recuperação extrajudicial aprovado pela Justiça, abrindo caminho para uma nova fase de sua reestruturação — o que inclui a venda da Crop Care, sua divisão industrial de insumos agrícolas.

A rede de revendas conseguiu a aprovação de 67% dos créditos sujeitos na recuperação extrajudicial — que totalizam aproximadamente R$ 2,5 bilhões, segundo comunicado ao mercado divulgado nesta quarta-feira. A lista de credores que apoia a companhia inclui Adama, UPL, FMC, Basf, Eurochem e Ourofino, entre outros.

Enquanto costurava as adesões ao plano de RE, a empresa controlada pelo Pátria engajou no processo de venda da Crop Care, que já está bastante avançado, afirmou o CEO da Lavoro, Ruy Cunha, ao The AgriBiz.

O nome do comprador e o valor negociado são mantidos em sigilo, mas Cunha adiantou que todos os recursos levantados com a operação irão para o caixa da Lavoro. “O processo está adiantado, mas sujeito ainda a contratos definitivos e vinculantes”, disse o CEO. A expectativa é que a transação seja concluída até o final deste ano.

No ano passado, a Crop Care respondeu por aproximadamente 8% da receita total da Lavoro e por 20% do lucro operacional. Com margens bem mais altas do que as da revenda, o segmento industrial também era o que vinha apresentando as maiores taxas de crescimento na companhia, que passa a se concentrar no negócio de distribuição.

A Perterra, empresa da Lavoro que faz a importação de defensivos, deve permanecer na companhia. A negociação para a venda incluem a Agrobiológica, Cromo Química e Union Agro.

Troca no comando

Com o processo de reestruturação avançando, a Lavoro entendeu que chegou o momento de promover uma mudança que já vinha sendo desenhada internamente no comando da companhia. Marcelo Pessanha, atual vice-presidente de vendas, marketing e operações, assumirá a posição de CEO, substituindo Ruy Cunha a partir de 1º de dezembro.

“É uma transição suave e de continuidade”, disse Cunha, que continuará à disposição da Lavoro durante o período de transição. Depois de ter ocupado a cadeira de CEO na Crop Care, Pessanha, que está no grupo há seis anos, migrou para o negócio de distribuição há cerca de um ano e meio. 

“Estamos diante de uma virada. Com um direcionamento mais claro após a aprovação da RE, entendemos que este é o momento de fazer essa sucessão que vinha sendo preparada”, acrescentou o atual CEO.

Próximos passos

Uma vez confirmada, a venda da Crop Care será um marco importante na reestruturação da Lavoro, mas não será suficiente para resolver os seus problemas de liquidez.

“A operação ajuda muito, mas não é tudo o que prevemos fazer. A companhia ainda tem um caminho a seguir. Temos um trabalho importante de melhoria de imagem e seguir buscando ganhos de eficiência”, disse Cunha.

Na área operacional, o entendimento é de que a maior parte das mudanças já foi realizada. Em fevereiro deste ano, a Lavoro anunciou o fechamento de 70 lojas.

“A maior parte do enxugamento já foi concluído, levando em consideração a disponibilidade de crédito e a priorização das regiões onde queremos continuar. Os próximos movimentos serão pontuais, e não uma mega reestruturação”, revelou Cunha.

“Daqui para frente é ajuste fino”, complementou Pessanha. “O recurso disponível para a companhia, seja ele caixa ou crédito, é suficiente para continuar nos deixando relevantes no mercado. Mas ser relevante passa por escolhas. Já fizemos a maior parte delas, dos ambientes e mercados em que queremos continuar investindo e sendo relevantes. Mas isso é uma constante.”

E em momentos como o atual, marcado por uma restrição de crédito, a disciplina na gestão de caixa deve ser ainda maior, acrescentou Pessanha, que espera um 2026 ainda parecido com 2025. Uma retomada do mercado, se não houver nenhuma quebra de safra pelo caminho, pode ter início em 2027, na visão dele.

“Houve momentos em que tivemos problemas ou na indústria, ou na distribuição ou no agricultor. Agora estamos com todo o sistema, incluindo os bancos, gerando um ambiente de insegurança em todos os pontos da cadeia do agro. Não é um movimento que se resolve em uma safra”, finalizou Pessanha.