Ballagro fecha parceria para acelerar biológicos | Crédito: Schutterstock

Em busca de uma rota adicional de inovação, a Ballagro, empresa paulista de bioinsumos fundada há 20 anos, firmou uma parceria com a startup Symbiomics para acelerar o desenvolvimento de biodefensivos.

“O prazo de desenvolvimento geralmente gira em torno de dez a quinze anos. O nosso objetivo é reduzi-lo de quatro a cinco vezes”, afirmou Lécio Kaneko, gerente de desenvolvimento estratégico da Ballagro, ao The AgriBiz.

Hoje, a empresa é líder em controle biológico de nematoides, tendo como principais mercados as culturas de soja e de milho. Com a parceria, a Ballagro quer buscar outros segmentos e culturas — com destaque para cana, fruticultura e café, em que a empresa tem avançado recentemente.

A busca por novas rotas de crescimento acontece em meio a um mercado mais difícil para os bioinsumos. Atualmente, a Ballagro tem um faturamento na casa de R$ 200 milhões, estável nas últimas safras.

“A gente veio em um patamar de crescimento robusto até a safra 2022/23 e andamos de lado nos últimos dois anos”, detalha Kaneko. “Com produtos novos e com inovação no desenvolvimento, nosso plano é voltar a acelerar o crescimento”, completa.

Nesse plano, o executivo ressalta que a empresa não tem buscado alternativas de consolidação — em outras palavras, receber aportes ou vender a companhia não está nos planos. A rota escolhida para o crescimento é estruturar parcerias que possibilitem à empresa aumentar de tamanho ao longo dos próximos anos.

“Temos buscado essas alianças para acessar novos mercados fora do País e para o desenvolvimento de novos produtos”, frisa Kaneko.

Antes de firmar a parceria com a Symbiomics, a Ballagro já tem contratos, por exemplo, com a FMC, para a distribuição de parte do portfólio fabricado pela companhia paulista. Além disso, também já desenvolveu pesquisas em conjunto com a Embrapa.

Como funciona a parceria

Na prática, a Symbiomics foi contratada pela Ballagro, que aportou recursos para viabilizar o desenvolvimento de novos produtos. Para reforçar essa capacidade, a Symbiomics também investiu recursos próprios a fim de tornar a própria plataforma mais robusta.

Essa plataforma, aliás, foi o principal chamariz para a Ballagro firmar a parceria com a Symbiomics. O diferencial está na tecnologia proprietária, que analisa o desenvolvimento de um produto desde a pesquisa até o lançamento.

O trabalho é minucioso: a plataforma identifica os microrganismos e consegue testá-los em amostras que representam mais de 40 tipos de solos brasileiros. Com ferramentas de bioinformática (e um algoritmo proprietário), a empresa consegue analisar genomas e descobrir rapidamente qual é o melhor microrganismo para cada uso.

“Hoje, o Brasil tem mais de 600 registros de biodefensivos a base de microrganismos, abrangendo só 18 gêneros e, dentro desse grupo, 45 espécies. Esses números mostram uma concentração de mercado em torno de poucos ativos, que são recorrentes entre diferentes produtos e alvos de controle”, exemplifica Rafael de Souza, CEO e cofundador da Symbiomics.

Hoje, a principal atividade da startup é justamente desenvolver produtos a partir dessa plataforma para grandes empresas como Corteva, Nitro e Stoller. Nesse processo, além de analisar cepas de terceiros, a Symbiomics também tem um banco próprio de mais de 12 mil cepas mapeadas.

Agora, com a parceria da Ballagro, a empresa vai conseguir combinar esse banco próprio com o banco de cepas da empresa de bioinsumos, a fim de criar produtos que serão comercializados exclusivamente pela Ballagro, com uma divisão de lucros entre a empresa e a startup.