Defensivos

A trajetória da UPL para se provar como uma empresa de inovação — além dos químicos

Fabricante de defensivos quer ser reconhecida cada vez mais como uma empresa sustentável e chegar a 80% das vendas feitas por produtos que não sejam genéricos

PEREIRAS (SP) — Um laboratório de 70 hectares no interior de São Paulo será palco de um evento inédito para a UPL Brasil, o OpenAg Experience. Por lá, a empresa vai apresentar as principais novidades para o ano a um público de pelo menos 150 consultores técnicos. O objetivo? Posicionar a UPL como uma empresa inovadora, deixando a pecha de químicos pós-patente para trás. 

Nesse caminho, não basta lançar produtos — é necessário construir reputação sobre eles. Especialmente para uma companhia que tem 70% de suas vendas atreladas às revendas (os demais 30% são vendas diretas a grandes produtores). 

Uma das novidades a serem apresentadas pela empresa, num ano de alta de preços dos fosfatados, é o Nuvita, que ajuda a estabilizar fósforo e nitrogênio no solo, permitindo que as plantas tenham acesso a esses nutrientes. 

“Acreditamos que esse tipo de produto deve ter um aumento de demanda e ser amplamente aceito conforme os preços [dos fosfatados] sobem, uma vez que se cria uma boa oportunidade econômica para os produtores usarem essas novas ferramentas”, ressalta Christina Coen, chief technology and transformation officer da UPL Global.

Além desse produto, a empresa também vai dar mais detalhes sobre outras soluções, como o Luminus (um biofungicida), Thunder (um herbicida para soja) e o Propose (inseticida para o manejo de lagartas) — os últimos dois já disponíveis no mercado.

O foco é ligar a imagem da UPL, cada vez mais, a uma empresa que consegue proporcionar inovação por meio da mistura entre químicos e biológicos. Hoje, metade das vendas da empresa no Brasil já são desse tipo de produto, com a outra metade ainda sendo formada pelos genéricos. 

Coen e Figueiredo: foco da UPL no Brasil é ser cada vez mais sustentável | Crédito: Divulgação

A meta é fazer com que os produtos que contêm biológicos representem 80% do faturamento no País — uma meta cascateada também em escala global. No mundo, a UPL ainda está um pouco mais atrasada: tem 60% de sua receita atrelada aos genéricos e 40% vindo de produtos que contêm biológicos. 

“O Brasil hoje é a nossa flaghsip. Nosso foco é mostrar que podemos complementar os químicos tradicionais com biológicos, trazendo uma diferença visível no crescimento das plantas. Nós costumávamos ser mais focados em vender produtos, agora queremos vender programas”, ressalta Coen.

A busca do produtor brasileiro por tecnologia ganhou mais obstáculos com a Selic a 15%, reconhece Figueiredo. Nesse cenário, a UPL tem feito uma série de iniciativas para oferecer condições de financiamento mais flexíveis, como o aumento das operações de barter e negociações de prazo para pagamento. 

“Quando você pensa nos últimos dez anos e nos próximos dez anos, os produtores vão continuar crescendo no Brasil, adotando diferentes tecnologias. Talvez a forma de acessá-los mude ao longo do tempo e estamos focados em encontrar as melhores parcerias para chegar lá”, disse Cristiano Figueiredo, chief commercial officer da UPL Brasil. 

O Brasil é hoje um dos maiores mercados da companhia. Nos últimos resultados, referentes ao ano fiscal de 2025, encerrado em maio, a América Latina sozinha respondeu por mais de um terço da receita global, de 466 bilhões de rúpias indianas (cerca de US$ 5 bilhões). O resto está fragmentado: em segundo lugar fica a Europa, com 71 bilhões de rúpias e os EUA, em terceiro, com 60 bilhões de rúpias (cerca de US$ 700 milhões cada).

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A repórter viajou a convite da UPL Brasil.