Seara lança projeto para expandir produção de frango no Paraná

Enquanto as restrições genéticas ainda impedem um crescimento da produção de carne de frango no curto prazo, o Paraná se estruturou para se tornar o principal destino dos investimentos na expansão da avicultura brasileira, posicionando o estado para atender a demanda no longo prazo.

Depois da cooperativa C.Vale inaugurar a era dos fundos de agro com incentivo estadual, a Seara deu início a um projeto de R$ 475 milhões para aumentar a produção de frango no Paraná.

Os recursos serão destinados ao financiamento de novas granjas pelos fornecedores integrados, além de um aporte da companhia para erguer uma moderna granja de aves avós, ou seja, destinadas à produção de matrizes.

Para destravar os investimentos, o governo do Paraná liberou R$ 415 milhões que a Seara possuía em créditos acumulados de ICMS, além de injetar cerca de R$ 60 milhões na cota sênior de um FIDC para financiar a ampliação da capacidade de produção de carne de frango.

Batizado de FIDC Paraná II, o fundo de investimentos conta com R$ 300 milhões ao todo, sendo 20% na cota sênior detida pela Fomento Paraná — agência de desenvolvimento do governo paranaense — e os 80% restantes na cota subordinada detida pela Seara. A taxa de juros é de 9% ao ano, em linha com o Plano Safra.

Dos recursos totais do fundo, cerca de R$ 240 milhões serão destinados ao financiamento de novos aviários pelos integrados. Até agora, foram liberados R$ 88 milhões para cerca de 40 produtores construírem novas granjas.

Com esses recursos, seria possível erguer 100 galpões com capacidade total para aproximadamente 18 milhões de frangos por ano — em torno de 54 mil toneladas de carne de frango.

A expectativa é alcançar o potencial do fundo atendendo mais de 90 produtores —, segundo o chefe de operações da AgroForte, Márcio Cardoso. Na estrutura do FIDC, a startup é a responsável por fazer análise de crédito dos produtores, ao passo que a Suno é a gestora do veículo. “No ritmo em que está, vamos concluir as liberações em seis meses”, projetou Vitor Duarte, CIO da Suno.

“Esses novos investimentos reforçam o modelo virtuoso de desenvolvimento da integração. Ao garantir o destino certo para a produção, estimula o produtor rural a investir, gerando prosperidade nas regiões onde atuamos”, disse Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS.

Além dos recursos para a ampliação da produção dos integrados, o pacote de investimentos da Seara para o Paraná inclui R$ 235 milhões para a construção da granja de avós no município de Cruz Alta. Desse total, R$ 60 milhões virão do FIDC, e os R$ 175 milhões restantes virão da liberação de créditos acumulados de ICMS.

Na Seara, a expectativa é que a nova granja de avós atenda toda a capacidade de aves matrizes da companhia em todo o estado.

Para o Paraná, a mecânica criada com o FIDC — primeiro na C.Vale e agora com a Seara — facilitou a expansão da capacidade produtiva no estado, usando os créditos acumulados de ICMS como moeda de troca.

Não à toa, a estratégia paranaense vem atraindo diversos outros interessados. No segundo edital feito pela Fomento Paraná, dez companhias foram selecionadas: Frivatti, Pluma, Primato, Jaguafrangos, Cocamar, GTF, BMG, Magparaná, Copacol e CNH. Estima-se que esses dez projetos alavanquem investimentos de pouco mais de R$ 1 bilhão.

A demanda criada pelo programa paranaense criou, inclusive, um gargalo na oferta de equipamentos para a construção de aviários. Atualmente, fornecedores de projetos para granjas estão com prazos de entrega de cinco meses.

“É uma alternativa de crédito formatada para oferecer condições mais adequadas aos produtores rurais e à agroindústria paranaense, permitindo investir em qualidade e aumento de produção”, ressaltou Claudio Stabile, diretor-presidente da Fomento Paraná.

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O FIDC Paraná II conta com a Zera.Ag como consultora. O escritório SouzaOkawa prestou assessoria jurídica para a Suno.