
Além de se estabelecer como um frigorífico de porte no mercado brasileiro de carne bovina, o grupo paraguaio Concepción está prestes a dar um salto na produção de carne suína.
Depois de investir US$ 360 milhões nos últimos quatro anos, a companhia está concluindo a expansão das operações de carne suína no Paraguai e também no Brasil, onde possui uma granja de matrizes e dois abatedouros.
Com isso, a receita anual do Concepción com os negócios de carne suína tem potencial para dobrar, chegando aos US$ 400 milhões, disse Renan Lima, executivo que comanda a BMG Foods — operação brasileira do grupo fundado no Paraguai por seu pai, o empresário Jair Lima.
Com um faturamento que beira os US$ 2 bilhões (quase R$ 11 bilhões), o grupo Concepción faz cerca de 90% das vendas nas operações de carne bovina, espalhadas por três países: Brasil, Paraguai e Bolívia. A carne suína responde por 10%, mas deve crescer com a maturação dos investimentos.
Os aportes incluem a construção do maior frigorífico de suínos do Paraguai, a Incka Foods. A planta, com capacidade para abater 2,5 mil suínos por dia, deve ser inaugurada em breve. “Vamos ser o maior produtor de carne suína do Paraguai a partir de 2026”, disse Lima.
A ideia é que 90% da produção seja destinada à exportação, inicialmente para mercados como Taiwan e Filipinas. Uma parte menor será destinada à industrialização, para produção de itens como linguiça frescal, presunto, bacon e mortadela, que serão comercializados no mercado doméstico paraguaio.
No Paraguai, o novo frigorífico nascerá com uma capacidade de fornecimento substancial. Desde 2021, o Concepción é dono da granja Cabaña El Nido, a maior do País. Com um plantel de 12 mil matrizes, o estabelecimento está ampliando a capacidade para 15 mil, o que vai permitir comercializar 370 mil leitões por ano a partir de 2026.
No Brasil, a companhia também fez investimentos significativos. Por meio da BMG Foods, investiu US$ 180 milhões, o que incluiu capital de giro e a aquisição de uma granja de matrizes em Entre Ríos do Oeste (PR), na fronteira com o Paraguai, além da compra do Frigorífico Larissa, em Iporã (PR), e de um abatedouro em Grão Pará (SC) que pertencia ao Frigorífico Catarinense.
Recentemente, a BMG ampliou a capacidade de abate em Iporã de 1,8 mil para 2,5 mil suínos por dia. Outra conquista foi a habilitação para exportar ao Chile. Nesse processo, a companhia contratou 360 novos funcionários para abrir um segundo turno de trabalho, que começa oficialmente a partir da próxima semana.
“Quando entramos no mercado de suínos, todo mundo falava que éramos loucos. Entramos num momento muito difícil, em 2022, quando o produtor estava perdendo muito dinheiro. Mas foi a hora certa”, disse o CEO da BMG Foods.
Atualmente, as operações de carne suína fazem margens da ordem de 20%, acima dos resultados consolidados do grupo, que registrou uma margem Ebitda de 12% no primeiro semestre, considerando todas as operações.
Para Lima, a conclusão dos investimentos vai permitir colher os resultados. Após um ciclo intenso de capex, que incluiu a também expansão em carne bovina no Brasil, o grupo espera gerar caixa para desalavancar a partir de 2026. Neste ano, a expectativa é ficar próximo do breakeven.