JBS José Batista Sobrinho Wesley Batista

Distante de uma recuperação na oferta de gado nos Estados Unidos e momentaneamente sem o brilho da Seara, que ainda sofreu com os embargos provocados pela gripe aviária, a JBS reportou uma compressão de margens no terceiro trimestre.

No balanço recém-divulgado, a companhia dos irmãos Batista registrou uma margem Ebitda de 7,18%, uma queda de quase dois pontos na comparação a margem de 9,16% registrada um ano antes. O Ebitda recuou 11%, para US$ 1,6 bilhão.

A queda reflete a escassez de gado nos Estados Unidos, que atinge o principal negócio do grupo (a JBS Beef North America faz 30% do faturamento, e teve uma margem negativa de 1,3%), além de uma base de comparação difícil de bater na Pilgrim’s Pride, indústria de carne de frango que vinha de margens recorde em 2024.

Além disso, a Seara perdeu mais de sete pontos de margem (de 16,8% para 9,2%) em grande medida pelos mercados que ainda seguiram fechados para o frango brasileiro no trimestre: União Europeia e China — recentemente, no entanto, ambos foram reabertos, pavimentando o caminho para a recuperação.

Mesmo nesse cenário mais adverso, a JBS cresceu em todas as divisões, preservando uma estrutura de capital saudável, com um prazo médio de vencimento das dívidas longuíssimo (em média, 15,4 anos).

Ao todo, a gigante brasileira fez uma receita líquida recorde de US$ 22,6 bilhões, um crescimento de 13,4% na comparação anual. O salto foi puxado pelos negócios de carne bovina nos Estados Unidos, Brasil e Austrália, refletindo os preços globais mais elevados da proteína.

“Esse trimestre reforça a importância da nossa plataforma. Se não fosse diversificada, estaria com dificuldade de gerar caixa”, disse o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, em entrevista ao The AgriBiz.

Mesmo com uma necessidade maior de capital giro (um efeito colateral dos preços mais altos da carne bovina) e com um desembolso de US$ 377 milhões em recompra de ações, a JBS gerou US$ 382,7 milhões de caixa livre no trimestre.

“O fluxo de caixa livre veio das operações”, disse Guilherme Cavalcanti, CFO da JBS. Segundo ele, mesmo com mais investimentos em crescimento (cerca de US$ 200 milhões de capex adicional na comparação anual), a JBS manteve a dívida líquida estável, em US$ 16,6 bilhões.

Além disso, o índice de alavancagem permaneceu em níveis confortáveis. Em 30 de setembro, a alavancagem ficou em 2,39 vezes — ligeiramente acima das 2,27 vezes reportadas no três meses antes.

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Listada na bolsa de Nova York, a JBS está avaliada em US$ 14,6 bilhões. Desde a listagem, o papel cai quase 10%.

A liquidez do papel, no entanto, vem aumentando gradualmente, um indicador importante para as ambições da companhia de ser reprecificada, com múltiplos mais próximos de concorrentes como a Tyson Foods.

Nos últimos três meses, a média diária de negociações com as ações da JBS aumentou 227% na comparação com o mesmo período do ano passado. A companhia ainda aguarda a entrada nos principais índices de ações, o que tem potencial para ampliar a liquidez enormemente e valorizar o papel.