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Dono da Inpasa chega a 10% da Vibra e já é o maior acionista

Posição do empresário José Odvar Lopes na dona dos postos BR vale mais de R$ 2,5 bilhões

Distribuidoras de combustíveis ameaçaram entrar na Justiça contra o programa, em oposição à Raízen. Explicamos o que está em jogo.

O empresário José Odvar Lopes, dono da Inpasa — a maior produtora de etanol de milho do País —, acaba de se tornar o principal acionista da Vibra, em um movimento que dá mais pistas sobre suas ambições na distribuição de combustíveis.

Por meio de fundos geridos pela Nova Futura, a família Lopes chegou a 10,14% do capital da dona dos postos BR. A posição acionária, montada ao longo dos últimos três meses, está avaliada em R$ 2,7 bilhões — na bolsa, a Vibra vale aproximadamente R$ 27 bilhões.

As informações sobre o aumento da participação da Nova Futura foram divulgados agora à noite pela Vibra, em um comunicado ao mercado.

Com os investimentos, o dono da Inpasa desbancou Dynamo e Ronaldo Cezar Coelho. Antes da movimentação, a gestora carioca era a maior acionista da Vibra, com 9,99%, enquanto o ex-banqueiro possui 8,3%.

Publicamente, a Inpasa já declarou que os investimentos eram feitos pela família com um “estritamente financeiro” e, em teoria, sem relação com as operações de etanol de milho da País.

Quem conhece o empresário, no entanto, sabe que entrar na distribuição de combustíveis é um desejo de “Seu Zé” — como o fundador da Inpasa é conhecido.

Para a Inpasa, um colosso a caminho de ultrapassar R$ 24 bilhões de faturamento, faria sentido ter um canal de distribuição para sua crescente produção de etanol, uma estratégia que emula o movimento de Rubens Ometto quando comprou a Esso do Brasil e, posteriormente, se tornou sócio da Shell, criando a Raízen.

Ainda não está claro se o empresário toparia repetir a estratégia de Marcos Molina na BRF, montando uma posição relevante para gradualmente assumir o controle de uma das raras corporations brasileiras.

Assim como a dona da Sadia na época dos primeiros investimentos feitos pela Marfrig, a Vibra possui uma poison pill — o acionista que chegar a 25% do negócio precisa fazer uma oferta por 100% do papéis, com base no maior preço intraday dos últimos 18 meses, ajustado pelo CDI e acrescido de um prêmio de 15%.

No caso da BRF, a poison pill foi extinta em 2023, quando a companhia precisou fazer um aumento de capital para equilibrar o balanço, o que abriu espaço para a Molina consolidar o controle, passando de 50%.

Com 10% do capital da Vibra, a família Lopes parece longe de algo semelhante, mas já pode conseguir pelo menos um assento no conselho de administração, com o que passaria a exercer mais influência na companhia.

De capital pulverizado, a dona dos postos BR detém um conselho de administração formado por nomes tarimbados como Walter Schalka, Fabio Schvartsman e Nildemer Secches. O colegiado é presidido por Sergio Rial.

Procurada, a Inpasa não respondeu imediatamente.

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Em um ano, as ações da Vibra sobem 35%. Nos últimos três meses, a alta é de 10%.

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Os movimentos do dono da Inpasa podem criar uma situação curiosa. Enquanto monta uma posição relevante na Vibra, o empresário também atraiu o interesse da Petrobras — antiga controladora da distribuidora de combustíveis — em seu negócio de etanol de milho.