Balanço

No breakeven, BRF espera voltar ao lucro em 2024

“Temos perspectiva de lucro líquido, fluxo de caixa positivo e crescimento de vendas”, disse Miguel Gularte, CEO da BRF

A gestão de Miguel Gularte comemorou um marco na BRF no terceiro trimestre: pela primeira vez em quase dois anos, a empresa não queimou caixa. Segundo os executivos da dona da Sadia, esse é o primeiro passo de uma sequência de indicadores positivos que a companhia deve apresentar daqui para frente.

A BRF esteve próxima ao breakeven na geração de caixa livre no terceiro trimestre, resultado que não se via desde o quarto trimestre de 2021, quando a empresa também empatou — a última vez que a companhia gerou caixa livre foi no primeiro trimestre daquele ano. Houve redução significativa no nível dos estoques, com maior giro, e melhora no capital de giro (os grãos mais baratos ajudam).

A empresa também já exibe um nível de alavancagem mais próximo ao que considera ideal (algo próximo de 2 vezes o Ebitda). A dívida líquida caiu para 2,66 vezes o Ebitda, ante 3,75 vezes no trimestre anterior —há um ano, o indicador estava em 2,98 vezes. A melhora é resultado da utilização dos recursos do follow on para reduzir as despesas financeiras e da melhora operacional. O próximo passo é voltar ao lucro.

“Temos convicção de que 2024 será melhor”, disse o CEO da BRF, Miguel Gularte, em, entrevista a jornalistas na noite desta segunda-feira. “Temos perspectiva de lucro líquido positivo, fluxo de caixa positivo e crescimento de vendas”, acrescentou. Só neste trimestre, a BRF conquistou mais de 11 mil novos clientes, o que deve impactar os próximos resultados.

A redução de custos, resultado da queda nos preços dos grãos e do plano de eficiência BRF+, também deve continuar beneficiando os próximos resultados, segundo Gularte. A BRF reduziu os seus estoques com grãos a um valor mínimo, abrindo espaço para a compra dos insumos a preços mais baixos.

“Sabíamos que viria uma safra bem forte e reduzimos a nossa posição como um todo, incluindo o mercado futuro”, complementou o CFO da companhia, Fabio Mariano. “É isso o que está sendo refletido agora e será refletido no quarto trimestre”.

Oferta de frango

Já as perspectivas para a oferta de frango não são tão claras. Embora existam evidências de que os maiores produtores globais (Brasil e Estados Unidos) reduziram alojamentos recentemente, Gularte ressaltou que isso ainda “não garante que a oferta se ajuste”.

“Vimos uma subida de preços para a carteira de exportação do final de 2023”, disse. O preço da tonelada para clientes no Oriente Médio, por exemplo, aumentou entre US$ 150 e US$ 200 a tonelada, enquanto para o México o reajuste chegou a US$ 300 tonelada. “Esperamos que isso seja mais estrutural, e não circunstancial. Mas o cenário de preços internacionais vai seguir desafiador em 2024”, afirmou.

Para Gularte, as 50 novas habilitações que a BRF conquistou em 2023 vão ajudar a companhia a navegar melhor por momentos adversos no mercado internacional. A queda nos preços internacionais da carne de frango continuou pesando no resultado. O Ebitda da companhia caiu 13% na comparação anual, para R$ 1,2 bilhão, com a margem ficando 8,7%.

No Brasil, o mercado de frango in natura começa uma recuperação, enquanto o desempenho da venda de processados teve mais um trimestre positivo. A margem Ebitda da operação no Brasil ficou em 11,9% no terceiro trimestre, aumentando ante os 7% de um ano atrás. O Ebitda ajustado subiu 64%, reflexo principalmente de um crescimento no volume de vendas. A participação de mercado das marcas da BRF no mercado de processados e margarinas ficou estável.