Nescafé

Nestlé vai investir R$ 1 bilhão em fábrica de café até 2028

Multinacional vai aumentar em 10% a capacidade produtiva de sua fábrica em Araras, hoje de 37 mil toneladas por ano de café solúvel

Fábrica da Nestlé em Araras | Karina Souza

ARARAS (SP) — A primeira fábrica da Nestlé no Brasil vai receber um investimento bilionário. Criada em 1921 para produzir leite condensado, a unidade fabril de Araras, hoje responsável pela fabricação de café solúvel, terá um aumento de 10% na capacidade produtiva — de 37 mil toneladas por ano.

Para viabilizar o aumento, além de outras modernizações na fábrica, a Nestlé vai investir R$ 1 bilhão na unidade até 2028. A planta será a campeã em investimentos no Brasil daqui até lá (ao todo, são 14 fábricas da multinacional instaladas no País).

Os recursos serão utilizados na construção de um novo edifício de sete andares, com linhas de extração de café, torra e secagem.

“Vamos também capturar o vapor que sai a partir da extração de café para transformá-lo em energia”, afirmou Fábio Kuhn, diretor da fábrica da Nestlé em Araras.

Desde 1980, a Nestlé já usa a queima da borra de café como parte do processo de geração de energia na fábrica.

O novo investimento vai se somar aos R$ 500 milhões anunciados em maio deste ano para fortalecer o negócio de cafés da Nestlé no Brasil. Esses recursos estão incluídos no orçamento de R$ 7 bilhões anunciado pela multinacional em investimentos no País até 2028.

Atualmente, a fábrica de Araras produz uma média de 33 mil toneladas de Nescafé por ano, divididos em 189 produtos. Todos os produtos comercializados em garrafas de vidro, sachês e latas vêm da fábrica— a exceção está na produção de cápsulas, que acontece em Montes Claros (MG).

Além de abastecer o mercado nacional, a produção de Araras é exportada para mais de 65 países, com destaque para Chile, Canadá e África. Juntas, essas regiões representam entre 30% e 40% do volume total exportado.

Como funciona a produção de Nescafé

Anualmente, a fábrica recebe 70 mil toneladas de café verde como matéria-prima para a produção de café — ou três caminhões por dia. Desse total, 90% é conilon (que vem principalmente do Espírito Santo) e os demais 10% arábica (principalmente de Minas Gerais).

Apesar da discrepância entre um e outro, os blends entre arábica e conilon variam entre os diferentes produtos comercializados pela marca. São, ao todo, 140 receitas comercializadas pela Nestlé. “Temos produtos, inclusive, que são 100% arábica”, explicou Kuhn.

Do momento em que o café chega na fábrica até se tornar um produto acabado, o grão passa primeiro pelo processo de torra, depois moagem e, em seguida, por um processo similar ao café coado em casa — em escala industrial, evidentemente.

A bebida passa em seguida por um processo de evaporação (algo similar ao processo de redução de molhos, na cozinha), a fim de ficar mais concentrado. Depois, esse café é seco e transformado em pó.

Todo esse processo leva cerca de oito horas para ser realizado, num processo bastante mecanizado e monitorado constantemente, inclusive com o apoio de ferramentas de inteligência artificial. Todo o processo de armazenagem e distribuição é feito por robôs, por exemplo.

Ao todo, a fábrica de Araras, que também produz achocolatados, tem 1.062 colaboradores. A unidade gera ainda de 3 mil a 5 mil empregos indiretos, considerando fornecedores locais, logística, serviços e comércio.

A repórter viajou a Araras (SP) a convite da Nestlé.