
O interminável processo de venda da Imcopa, processadora de soja paranaense que entrou em recuperação judicial há mais de uma década, está mais próximo de um desfecho.
Depois de uma renhida disputa na Justiça em torno do controle dos créditos da companhia, os ativos da Imcopa serão novamente leiloados, despertando o interesse de grandes tradings — incluindo nomes como Bunge, ADM e Cargill, apurou The AgriBiz.
Agendado para 3 de julho, o leilão tem potencial para destravar um valor bilionário. Os ativos da Imcopa — duas processadoras de soja e a marca de óleo Leve — estão avaliados em pelo menos US$ 280 milhões (quase R$ 1,6 bilhão).
Há cinco anos, a Bunge chegou a ganhar um controverso leilão por todos os ativos da Imcopa. A trading agrícola ofereceu US$ 250 milhões — incluindo a assunção das dívidas —, em uma proposta sigilosa que contrariava as regras para um leilão de uma companhia em recuperação judicial.
Posteriormente, a Justiça cancelou o leilão em meio a uma batalha jurídica envolvendo o Grupo Petrópolis, do empresário Walter Faria, e a gestora R2C — que pertence a Renato Mazzuchelli e Ruy del Gaiso — pela titularidade dos créditos da Imcopa.
No leilão anterior, a gestora seria a principal beneficiária, ficando com a maior parte dos recursos. A Justiça, no entanto, devolveu o controle dos créditos ao Grupo Petrópolis, em uma decisão tomada em março do ano passado pelo STJ( Superior Tribunal de Justiça).
A disputa pela titularidade dos créditos ainda não terminou, mas o formato do leilão de 3 de julho deve evitar que o certame seja frustrado novamente. Pelas regras, as propostas serão públicas e os recursos depositados em uma conta judicial — até que a disputa entre Petrópolis e R2C termine.
Da dívida total da Imcopa, cerca de R$ 14 milhões pertencem ao BNDES e ao Voiter (instituição financeira comprada pelo Banco Master). Os credores trabalhistas têm perto de R$ 3 milhões a receber.
A tendência é que, com um leilão bem-sucedido, BNDES, Voiter e os trabalhadores já recebam os créditos que possuem contra a Imcopa. O montante restante será pago aos donos dos créditos ao fim da batalha judicial.
Neste momento, o grupo de Walter Faria desponta como o vencedor, especialmente após as investigações policiais que expuseram a atuação da R2C na Imcopa. A gestora foi alvo da segunda fase da Operação Cortina de Fumaça, que investiga fraudes que teriam sido cometidas pela gestora R2C na recuperação judicial da processadora de soja.