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Acordo entre Belagrícola e Bunge está perto de ser assinado

Detalhes finais acerca da governança da companhia são os finos ajustes restantes para a compra ser formalizada

Belagrícola Bunge

Depois de quase oito meses de negociações e uma complexa due dilligence, a Bunge está perto de assinar o contrato para a aquisição de uma participação minoritária na Belagrícola, apurou The AgriBiz.

Antes mesmo da assinatura, a gigante americana fez um empréstimo-ponte de R$ 300 milhões para fortalecer a estrutura de capital da revenda agrícola paranaense, que estava debilitada em meio à crise que atingiu o setor.

Neste momento, estão sendo definidos os detalhes da governança, como a formação de diretoria e a composição do conselho de administração.

O clima, ao que tudo indica, segue construtivo. Na última semana, executivos da Bunge visitaram a sede da Belagrícola. Simbólica, a visita não passou em branco nas redes sociais. Executivos de ambas compartilham fizeram questão de compartilhar a proximidade no LinkedIn.

“Receber a Bunge em nossa sede reforça a importância de alianças que impulsionam o agro”, postou Alberto Araújo, CEO da Belagrícola. “Parcerias como essa fortalecem nossa convicção na força do agronegócio e no seu papel estratégico no desenvolvimento do país”, completou, na rede social.

Para a Bunge, a parceria é um baita negócio. Não tanto pela operação de revendas, mas principalmente pela originação de grãos em um Estado dominado pelas cooperativas.

Ao se tornar sócia da Belagrícola, a Bunge ganha acesso a um parceiro que tem mais de 70 armazéns espalhados pelo Paraná, um complexo capaz de armazenar 1 milhão de toneladas de grãos.

Do lado da Belagrícola, a chegada da Bunge foi a salvação da lavoura. No ano passado, companhia viu a receita despencar 38%, para R$ 4,6 bilhões, amargando um Ebitda n negativo de R$ 72 milhões. Com o resultado negativo, a Belagrícola precisou pedir um waiver aos credores de CRA — o que foi aceito ainda em novembro do ano passado.

No ano passado, recuperações judiciais como a da Tressbom (de R$ 614,4 milhões) e da Bulle Bulle (de mais de R$ 140 milhões) afetaram a operação da companhia ao longo do último ano. Segundo uma fonte, o impacto em geração de caixa foi de cerca de R$ 100 milhões.

Nesse cenário difícil, a companhia registrou um prejuízo de R$ 442 milhões em 2024, reforçando a importância de um sócio que capitalizasse a companhia. No último balanço, inclusive, a Belagrícola admitiu a intenção.

“O objetivo é viabilizar uma transação de M&A que agregue valor ao core business da operação e, eventualmente, melhore a relação entre capital próprio e de terceiros na estrutura de balanço, por meio de uma capitalização primária”, afirmou a companhia.

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Procuradas, Bunge e Belagrícola não comentaram.