
Jonas Hipólito, o jovem CEO da Biotrop, não tem do que se queixar. Apesar das agruras enfrentadas por uma parcela relevante da indústria de insumos agrícolas, a fabricante de biológicos controlada pelos belgas da BioFirst não para de crescer.
Nem mesmo a recuperação judicial da Agrogalaxy, que era um dos mais importantes clientes, foi capaz de interromper a trajetória meteórica que consagrou a Biotrop como um dos melhores deals da inovação agrícola brasileira — há quase dois anos, o Aqua Capital vendeu a companhia por R$ 2,8 bilhões aos belgas.
Sob a liderança de Hipólito desde 15 de janeiro, quando Antonio Carlos Zem passou o bastão de CEO, a Biotrop deve se aproximar do primeiro bilhão em faturamento neste ano.
“Vamos ficar próximos de R$ 1 bilhão, sempre com cuidado e trabalho”, afirmou Hipólito em entrevista ao The AgriBiz, adotando o tom ponderado que o caracteriza.
As projeções da Biotrop estão amparadas nos resultados recentes. Segundo o executivo, a companhia cresceu cerca de 35% no primeiro semestre e, mantido esse ritmo, a receita chegará aos patamares almejados. No ano passado, a empresa faturou R$ 760 milhões.
O salto foi puxado pelas vendas de biofungicidas e bioinseticidas, disse Carlos Alberto Baptista, diretor comercial da Biotrop.
No ano passado, por exemplo, a companhia lançou o Biobrev Full, um inseticida feito a partir de bactérias que vem ganhando mercado em meio às dificuldades dos transgênicos de algodão e milho evitarem a infestação por alguns tipos de lagarta.
No caos das biofungicidas, os produtos da Biotrop não eram novos, mas ganharam espaço nas vendas para produtores de cana (notadamente, usinas) e soja.
Na leitura de Baptista, esse avanço só foi possível porque a companhia fez um trabalho de diversificação de canais com a ajuda de um time de 300 profissionais no campo, o que ajudou a reduzir o peso das revendas — o elo mais fragilizado da distribuição de insumos. “As revendas perdem espaço pela situação creditícia”, reconheceu o executivo.
Nas contas da Biotrop, as revendas devem representar cerca de 50% das vendas em 2025. Há dois anos, essa fatia era bem maior, de 70%.
O espaço das revendas foi ocupado por cooperativas, que já beiram 15% da receita, e pela venda direta a grandes produtores do Cerrado e usinas de cana-de-açúcar. A expectativa da Biotrop é que as vendas diretas representem 35% do total, contra 15% de dois anos atrás.