Após o balanço

SLC prepara nova expansão de área e vê alta no preço do milho

"Estão aparecendo mais oportunidades de arrendamento", diz Aurélio Pavinato, CEO da SLC. Quebra na Argentina deve favorecer preço do milho

Plantação de milho. SLC quer ampliar área | Crédito: Schutterstock

Enquanto as quedas nos preços e na produtividade derrubam as margens dos agricultores no Centro-Oeste, a SLC está se preparando para aumentar ainda mais a sua área de plantio na safra 2024/25

“Existe a perspectiva de termos novos projetos. Estamos trabalhando com a expectativa de ter crescimento adicional”, afirmou Aurélio Pavinato, CEO da SLC, em call de resultados nesta quinta-feira. “Neste momento, estão aparecendo mais oportunidades de arrendamento”, revelou.

Na semana passada, a empresa informou que vai dobrar a área da Fazenda Pioneira, operada em joint venture com a Agro Penido em Querência (MT). Considerando primeira e segunda safras, o potencial de plantio na propriedade é de 64 mil hectares. Na safra 2024/25, a SLC plantou soja, milho e algodão em 650 mil hectares.

A lógica da empresa, acrescentou Pavinato, é aproveitar anos de margens menores, que geram mais oportunidades, para crescer. Com muitos produtores em dificuldades, estão surgindo mais opções para grupos capitalizados, como a SLC, expandirem.

O foco da companhia está em áreas maduras, que possam já receber o plantio de grãos no primeiro ano. Para esse tipo de propriedade, a empresa tem algumas semanas para fechar negócio — considerando que o plantio de soja começa em setembro. “Até a metade do ano temos condições de fazer negócio”, disse Pavinato.

Já para áreas que precisam de mais investimentos (e tempo) para a conversão de pastagens em agricultura, o tempo hábil para o preparo das terras para o plantio está se esgotando.

Colheita

As perspectivas para a colheita do milho safrinha e do algodão, que devem começar nos próximos meses, continuam bastante positivas apesar do calor intenso e do clima mais seco no Centro-Oeste em maio.

“O clima foi muito bom até abril”, resumiu Pavinato. Como as lavouras estão em estágio avançado, pois foram plantadas mais cedo neste ano, a chuva de maio não é mais tão necessária para atingir uma boa produtividade e a empresa alcançar suas metas.

“Não dependemos mais de chuva para atingir o objetivo. Se der mais uma chuva, vamos bater a nossa meta de algodão safrinha”, afirmou.

O milho deve subir

Com apenas 38% da produção de milho da safra 2023/24 vendida — o esperado para essa época do ano é ter pelo menos metade do volume comercializado —, a SLC espera uma recuperação nos preços do cereal nos próximos meses.

Além de uma redução nos preços dos fretes e da desvalorização cambial — fatores com bastante peso na formação de preços do milho em reais —, o cenário de oferta e demanda global da commodity também ficou um pouco mais favorável para uma reação dos preços.

A safra na Argentina deve ficar pelo menos oito milhões de toneladas abaixo do previsto inicialmente devido à incidência de uma praga conhecida como cigarrinha.

As estimativas mais recentes da Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontam uma colheita de 46 milhões de toneladas de milho. O USDA estima 54 milhões de toneladas —e poderá fazer alguma revisão em seu relatório mensal que será divulgado amanhã.

“Esse volume perdido na Argentina deixará de ser exportado”, avaliou Pavinato. Como os argentinos não dominam o manejo (e não têm produtos) para enfrentar a cigarrinha, a tendência é que eles reduzam o plantio no cereal na próxima safra.

No Brasil, ele também apontou problemas na produção do Paraná. Com isso, a safra total de milho brasileira deve ficar mais próxima ao número atual da Conab, de 113 milhões de toneladas, do que ao do USDA, de 124 milhões de toneladas.

“Visualizamos um cenário mais favorável para o milho nos próximos meses”, disse.

Algodão

A expectativa também é de uma alta nos preços do algodão, o que justifica o baixo percentual de comercialização também nesta cultura (40% da safra 2023/24). Os preços à vista da fibra estão mais altos do que os contratos futuros, uma característica de mercado invertido que já dura dois anos e que levam a SLC a esperar para vender. “Na nossa visão, os preços hoje são baixos, não estimulam o plantio”.

Segundo Pavinato, a demanda global segue firme, com consumo consistente nos Estados Unidos e na Europa.

Balanço

Refletindo uma queda de área, menores preços e perda de produtividade na soja, a SLC apresentou uma queda de 60% no lucro líquido no primeiro trimestre, que somou R$ 229 milhões. O Ebitda no período atingiu R$ 704 milhões, uma redução de 29%, com margem de 36%.

As ações da SLC caíam 2,2% na B3 por volta das 12h. Os papéis acumulam alta de 6,5% em 12 meses. A empresa está avaliada em R$ 8,2 bilhões na Bolsa.