
As ações da FMC derreteram 25% no after market da bolsa de Nova York nesta quarta-feira, em uma reação imediata aos resultados negativos do terceiro trimestre — e sem uma perspectiva de alívio a curto prazo.
No balanço divulgado no início da noite, a companhia de defensivos agrícolas registrou um tombo no receita. A FMC mostrou apenas US$ 542 milhões na primeira linha, um tombo de 49% em relação ao mesmo período de 2024.
O resultado está relacionado a devoluções de produtos e alterações de preços na Índia, uma forma encontrada pela FMC para limpar o balanço da operação indiana para colocá-la à venda. Esses ajustes tiveram um impacto negativo de US$ 282 milhões na geração de receita do período.
Segundo o CEO da FMC, Pierre Brondeau, os ajustes são um efeito pontual e que devem minimizar o risco de cobranças de impostos adicionais, além de “posicionar a vertical para uma geração de resultados melhor”.
Mesmo excluindo a baixa contábil indiana, o quadro geral da FMC não é dos mais animadores. A receita sem a Índia somou US$ 961 milhões no período, queda de 10% em relação ao mesmo período do ano passado — o mercado esperava um pouco mais, cerca de US$ 1 bilhão.
Ajustes em contratos com fornecedores, além de uma pressão de preço maior pela competição com os genéricos na Ásia e na América Latina foram os argumentos usados pela companhia para justificar a redução.
Por aqui, a FMC também perdeu volume de vendas. Na América Latina, principal divisão em receita para a FMC graças à relevância do Brasil, a receita caiu 8%.
“Além da pressão de genéricos, a baixa liquidez de clientes causou retrições de crédito no Brasil e na Argentina, um fator adicional que inibiu o crescimento”, disse o CEO, em comunicado.
Na última linha, a empresa teve um prejuízo de US$ 569 milhões — um ano antes, a companhia havia lucrado US$ 66 milhões —, uma perda bastante relacionada aos efeitos contábeis na Índia,
No trimestre, a FMC fez um impairment de US$ 227 milhões, com ajustes no valuation do negócio indiano, que agora está avaliado em US$ 450 milhões. Somando todos os impactos nas diferentes linhas do balanço, a Índia trouxe, entre encargos e baixas contábeis, um efeito negativo de US$ 510 milhões.
O que vem por aí
Junto com os resultados do terceiro trimestre, a companhia divulgou uma expectativa para o restante do ano. A receita, no acumulado dos doze meses, deve ficar em US$ 3,9 bilhões a US$ 4 bilhões de dólares, queda de 7% em relação ao mesmo período do ano passado. A queima de caixa deve ficar em US$ 200 milhões (ou na melhor das hipóteses, no zero a zero).
Para lidar com o cenário mais adverso, a companhia prevê desativar fábricas, principalmente de ingredientes ativos e formulações de alto custo, “transferindo a produção para fontes de menor custo”, afirmou o CEO, no documento.
“Essas ações visam estabelecer uma estrutura competitiva que permita que os principais produtos do portfólio da FMC concorram melhor com os genéricos, ao mesmo tempo em que aproveitam ao máximo o portfólio de tecnologias inovadoras”, completou.
Listada na bolsa de Nova York, a FMC está avaliada em US$ 3,6 bilhões.