Bancos

Sob pressão, BB troca VP de agro; Gilson Bittencourt assume

Nos últimos três meses, as ações do Banco do Brasil caíram quase 30% em razão da inadimplência rural

Gilson Bittencourt

Pressionado pela escalada da inadimplência em sua gigantesca carteira de crédito rural, o Banco do Brasil acaba de trocar o vice-presidente de agronegócios e agricultura familiar.

O BB trouxe para o cargo um nome de estrita confiança do governo: Gilson Bittencourt, que deixará a posição de subsecretário de Política Agrícola do Ministério da Fazenda para assumir o desafio no maior financiador da agricultura nacional.

O novo vice-presidente do Banco do Brasil vai substituir Luiz Gustavo Braz Lage — conhecido internamente como Liguta, o executivo ocupava o posto há dois anos.

Cérebro do Plano Safra, Bittencourt navega com desenvoltura pelos meandros do crédito rural e de sua regulação. Não à toa, ele liderou as diversas mudanças que o governo fez nas regras nas emissões de CRAs e LCAs.

No BB, Bittencourt terá o desafio de estancar um problema que vem mexendo fortemente com as ações do banco.

Nos últimos três meses, os papéis do Banco do Brasil caíram quase 30% na bolsa, um efeito relacionado às provisões feitas para lidar com a maior inadimplência rural. O agronegócio representa um terço da carteira do banco.

Em 31 de março, a inadimplência na carteira de crédito ao agronegócio do Banco do Brasil estava em 3%, um salto de 2,5 vezes na comparação com o mesmo período do ano passado.

Historicamente, o modelo de crédito agrícola do BB é um sucesso, com baixa inadimplência, mas o aumento dos pedidos de recuperação judicial entre produtores criou um desafio inédito para o banco.

Recentemente, a Legacy revelou uma posição vendida em ações do banco estatal em razão dos problemas no crédito agrícola. Na leitura da gestora, o penhor de safra normalmente utilizado pelo banco fragilizou o Banco do Brasil nos processos de recuperação de crédito em comparação a outros players.