CRAs

Fiagro: No follow-on da FG/A, gestora banca a oferta

FGA11 vai levantar R$ 100 milhões em oferta coordenada pela Órama; gestora concentra investimentos em CRAs de usinas sucroalcooleiras

Gestora do terceiro Fiagro mais negociado da bolsa, a FG/A quer aproveitar a melhora do ambiente macro para aumentar o tamanho do fundo, chegando a mais de R$ 430 milhões em crédito corporativo.

O FGAA11, Fiagro da FG/A com mais de 36 mil cotistas, está com um follow-on de R$ 100 milhões na rua. Para emplacar a emissão, a gestora decidiu bancar boa parte dos custos da oferta. A Órama coordena a emissão, com liquidação prevista para 5 de setembro.

Ao todo, o follow-on vai custar R$ 3,6 milhões, entre comissões de coordenação e estruturação, assessoria jurídica, despesas com taxas da B3 e marketing, o que dá R$ 0,35 por cada nova cota que será emitida.

Para que a emissão ocorresse a um valor competitivo (a cota sairá a R$ 9,78 no follow-on), a FG/A decidiu arcar com R$ 0,15, segundo os dados disponíveis no prospecto. Sem isso, o papel teria de sair a R$ 9,93 para bancar os custos, o que poderia inviabilizar a operação.

Juliano Merlotto, sócio da FGA, fala em debate em evento para assessores de investimentos
Juliano Merlotto, sócio e fundador da FGA, fala em evento para assessores de investimentos | Crédito: Divulgação

Como a cota do FGA11 é negociada atualmente a R$ 9,90, seria mais difícil convencer o investidor de que ele faria um melhor negócio entrando no follow-on ao invés de comprar a mercado. A R$ 9,78, o interesse é maior.

Desde o lançamento da oferta, no fim de julho, há boas indicações sobre a demanda. Um dos exemplos foi a movimentação dos direitos de subscrição das cotas (os DPs, negociados pelo ticker FGAA12).

Até ontem, quando o prazo para negociações dos DPs foi encerrado, foram 3,7 milhões de papéis, o equivalente a R$ 36,6 milhões ao preço do follow-on. Sempre há algum investidor que faz trading com esses papéis, mas o volume equivalente a mais de 30% do follow-on surpreendeu e dá uma boa indicação de demanda.

A tese da FG/A

Fundada em 2005 por Luiz Gustavo Correa e Juliano Merlotto, a FG/A começou como consultoria em Ribeirão Preto, capital da cana-de-açúcar. Ao longo do tempo, a firma ficou conhecida por estruturar crédito para grupos sucroalcooleiros, aproximando companhias como a Jalles Machado (que fez IPO em 2021) do mercado de capitais.

Com a aprovação da lei que criou o Fiagro, há dois anos, a FG/A viu uma oportunidade para aproveitar sua expertise em originar crédito para se tornar também uma gestora. É um caso raro de asset que veio do campo para a Faria Lima — em geral, o caminho é inverso, com assets tradicionais chegando ao mundo rural por meio do Fiagro.

Listado desde janeiro do ano passado, o Fiagro da FG/A gere cerca de R$ 330 milhões, alocados em CRAs. A gestora se apoia na capacidade de estruturação para investir papéis de companhias com rating mais alto e, ainda assim, conseguir entregar um bom retorno. Por originar o próprio crédito, a firma reduz o custo de estruturação para o fundo.

Na última distribuição de dividendos, o FGA11 deu um yield de 1,31%, o equivalente a 151% do CDI. Entre os papéis do portfólio do fundo, estão CRAs de nomes como as usinas Alcoeste, Batatais, Jalles Machado, Uisa e indústrias de insumos como Ubyfol, Café Brasil e Valoriza.

Sempre que interagem com investidores, os gestores da FG/A enfatizam a aposta em crédito corporativo, uma aposta considerada mais segura na comparação com produtores rurais. Nesse aspecto, é uma tese semelhante à da JGP, que também está com um follow-on na rua.

“A minha opinião é divergente do mercado. Pessoalmente, não gosto tanto do CRA para produtor. Provavelmente, esse produtor que está tomando crédito a CDI+6 e CDI +7 no mercado de capitais é aquele cara que quase está sem crédito no sistema bancário. Eu não gosto tanto”, disse Merlotto, num evento recente com assessores de investimentos.

Nos CRAs que pretende colocar no portfólio do Fiagro com o follow-on, a FG/A está mirando em créditos corporativos que paguem CDI + 4,5% ao ano, de acordo com o prospecto.

Procurada, a FG/A não comentou. A gestora está em período de silêncio.