Proteção cambial

A tese da Kinea para levar o CRA em dólar para o varejo

Kinea acaba de lançar uma oferta pública para captar R$ 1 bilhão para um Fiagro dolarizado, o primeiro do mercado

Na maior gestora de Fiagros do Brasil, é hora de desbravar também em moeda estrangeira.

Depois de se consolidar com dois fundos de crédito corporativo, somando mais de R$ 2,5 bilhões alocados em CRAs convencionais, a Kinea lançou uma oferta para captar R$ 1 bilhão para o KDOL11, o primeiro Fiagro dolarizado do mercado.

Com a estratégia, a Kinea vai dar acesso a um investimento de proteção cambial aos investidores de varejo, com a isenção de imposto de renda que não existe para as aplicações offshore.

Em fase de captação, o novo Fiagro da Kinea vai investir em CRAs em dólar de grandes exportadores do agro brasileiro, abrangendo um perfil de companhias acostumadas a tomar crédito em dólar.

O KDOL11 mira um retorno-alvo 5,5% ao ano mais a variação cambial sobre os rendimentos, que serão pagos mensalmente.

Quando comparado aos Fiagros mais tradicionais, o novo fundo da Kinea pode parecer menos atrativo em rendimento, mas a tese da gestora é convencer o investidor a fazer uma proteção cambial de longo prazo.

Também por isso, o fundo terá prazo de vencimento de sete anos. Normalmente, os Fiagros listados em bolsa têm prazo indeterminado.

Proteção cambial

Com apenas R$ 1 mil, um investidor pode entrar na oferta do KDOL11. Lá na frente, quando o fundo vencer, a Kinea vai devolver o principal com a variação cambial.

Se o dólar for a R$ 10, hipoteticamente, o investidor multiplicaria o patrimônio em reais. Se a moeda americana cair, haverá uma perda do patrimônio em reais, mas o poder de compra na moeda forte será preservado.

Pela estrutura diferente, a captação talvez demore um pouco mais do que o habitual para ser concluída, mas o produto pode abrir uma avenida para as companhias do agro brasileiro.

O KDOL pode ajudar a destravar o mercado de CRA em dólar, um instrumento que ainda não pegou. Até hoje, poucas operações do gênero ocorreram. Uma das exceções é a JBS, que emitiu um CRA denominado na moeda americana em 2023.

Para os exportadores, o CRA em dólar dá acesso a um recurso com juros normalmente mais barato e de longo prazo. Para o aplicador, um hedge cambial.